Tenho um amigo muito querido que outro dia me cobrou a assiduidade das minhas postagens neste blog. Então, à guisa de desculpas aos leitores, gostaria de justificar a minha ausência.
Um dos motivos é, obviamente, a falta de tempo, mas essa não é a "melhor" nem a mais premente das minhas motivações (ou falta de...) Outra é falta de recursos deste computador e impossibilidade financeira de dar um upgrade na máquina. Mas essa também é um fato que já vem ocorrendo há muito tempo e portanto não constitui uma desculpa irrecusável.
Mas há um fato que ao descobrir me deixou bastante triste e aborrecida, causando um desgaste muito grande na minha motivação em continuar postando com frequência.
É que encontrei dois blogs onde os meus textos eram reproduzidos ipsis littere e sem crédito à autora original, no caso, eu.
Nunca tive grandes pretensões desde que abri este blog. A minha intenção ao montá-lo era e continua sendo um laser pessoal e um registro de pensamentos do cotidiano para mim, do que propriamente um canal para fazer amigos ou divulgar idéias e convencer os leitores... Para fazer amigos (no mundo virtual), há outros meios como foruns, MSN e orkut, e não me sinto capacitada para convencer outros das minhas idéias, já que elas nem siquer são originais ou inovadoras, e conheço muitas pessoas muito melhor preparadas e respeitadas para serem formadores de opinião.
Mas mesmo que as minhas idéias sejam não-originais, elas são minhas na medida em que elas brotam dentro de mim. (É claro, em consequência de estímulos que recebo deste mundo.) E ao expô-las aqui, o que me motiva é também compartilhá-las com leitores, sem dúvida. E se encontro ecos nos seus pensamentos e emoções, que maravilha! ficaria orgulhosa e feliz.
E quando me deparo com algum texto que melhor descreve essas idéias, tenho o maior prazer de apresentar o autor do texto, além de avisá-lo sobre a reprodução do seu texto para publicar aqui. Esse tem sido o meu procedimento, pois creio que dar crédito devido ao autor é, além de uma obrigação imposta pela ética, um sinal de respeito e admiração para com o mesmo que soube escrever melhor do que eu sobre "minhas" idéias e sentimentos daquele momento.
Entretanto, parece que essa minha atitude não é compartilhada por alguns leitores. Não que eu fique triste por ter o meu texto publicado em outros blogs. Ao contrário, se alguém o reproduziu, é por que esse alguém gostou do meu texto, e é gostoso saber que tem gente que aprecia o que escrevo. Mas publicá-lo como se fosse da sua autoria, sem citar a fonte, é plágio e é falta de ética e respeito.
E porque eu tenho por hábito tentar respeitar os outros e ser a mais ética possível, creio que inconscientemente esperava o mesmo dos demais, daí o choque. Mas talvez eu não devesse ficar tão aborrecida, afinal sei que muitos blogueiros também já sofreram o mesmo. (Num dos blogs de culinária que acompanho, o autor colocou marca-d'água nas fotos dos seus pratos para evitar "roubo" das imagens, além da receita).
Mas, então... Não há como colocar algo semelhante à marca-d'água nos textos e muito menos registrar cada texto de um blog no INMP (Instituto Nacional de Marcas e Patentes), rsrsrs! O que preciso é de um tempo para me recompor. E decidir se devo aprender a relevar esses comportamentos anti-éticos de alguns leitores ou engrossar a fileira de combatentes na linha de frente da batalha contra a falta de ética que grassa sem piedade a nossa sociedade em todos os setores.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
sábado, 18 de julho de 2009
Psicologia do torcedor violento
Há alguns dias atrás houve um incidente na minha cidade que me deixou muito desgostosa e me levou a uma reflexão sobre o assunto.
Na minha cidade há vários times de futebol profissional, e eu sou uma modesta "torcedora" de um deles. Coloco a palavra entre aspas, pois a minha torcida não passa de acompanhar o desempenho do time e desejar que ele jogue bem com vitórias, é claro. Ocorre que esse meu time é dono de uma das mais fervorosas e fanáticas torcidas do interior e seguramente a maior, em número de torcedores de todos os matizes. A cidade e o clube devem ser orgulhosos disso. Mas será que essa é a melhor torcida? Quantidade é sinônimo de Qualidade, em se tratando de torcedores de futebol?...
No último campeonato, o clube tropeçou no último jogo e perdeu o acesso. Mas os 1.500 torcedores que viajaram centenas de quilômetros para incentivar o time na sua última partida não esmoreceram e cantaram o hino de amor incondicional até o apito final. Foi um espetáculo profundamente emocionante, maravilhoso... Nesse dia acreditei que essa torcida não era apenas a maior mas a melhor torcida do interior, se não de todo o Brasil.
E hoje queria continuar acreditando que sim, pois o erro de uma minoria não deveria comprometer a credibilidade da totalidade. Por erro quero dizer da prática da violência - física e moral - cometida por alguns torcedores do meu clube contra os jogadores de um clube da cidade vizinha - clube eleito como seu rival maior - e contra os seus torcedores que vieram acompanhar o seu time jogar com outro time desta cidade. Nem era jogo contra o meu clube, que após perder aquela partida estava sem campeonato...!
Esse incidente terrível como que me acordou para uma realidade que eu teimava em "esquecer". O futebol alegre, o futebol inocente, o futebol laser é coisa do passado. Hoje, o futebol é coisa séria. É (para seus promotores) negócio de alto risco com milhões em jogo, e refúgio para o povo-espectador, onde os violentos encontram desculpas para praticar atos de vandalismo e intimidação em nome do seu clube, o que em outras circunstâncias seriam criminosos ou no mínimo execrados como marginais.
Esse cenário é tão mais grave quanto mais o time ganha destaque. É raro, quase nulo acontecerem atos de barbárie praticados por torcedores de time de pouca expressão. Mas basta o time ascender ao destaque estadual ou nacional que esses atos começam a pipocar aqui e ali. O meu clube tem o firme propósito de ascender à elite do futebol profissional, e esse objetivo deverá ser alcançado no próximo ano. Qual, então, será o comportamento dos torcedores?
A torcida do meu clube é impressionante, principalmente se levar em consideração a a pouca importância do clube no cenário do futebol nacional. É o maior público do interior, incentiva o time em todos os momentos do jogo, nenhum obstáculo a impede de acompanhar os seus jogos enfrentando seja horários de jogo esdrúxulos, maus tempos ou distâncias, orgulha-se dos bons resultados como nenhuma outra torcida, cobra e pressiona a diretoria do clube mais do que qualquer outra, permanece fiel mesmo nas piores decepções. Assim, a alegria e o orgulho de pertencer a essa nação quando o time subir à elite do futebol, por maior que fossem não serão exagerados nem imerecidos.
Mas, como o ditado popular diz, uma fruta podre pode comprometer toda a colheita...
O orgulho e felicidade de torcer por um time vitorioso pode dar a falsa impressão de que o poder do time é também o seu poder. No meio da imensa maioria de torcedores pacíficos, há pessoas que já quebraram a porta do vestiário dos jogadores e arrancaram a camisa de torcedores do time rival. Só por que essas pessoas têm vínculo de trabalho ou afeição com esse clube rival. E esses vãndalos ganham a coragem de praticar esses atos por pertencerem a uma "nação" de torcedores, e acreditam que têm o aval dessa nação (a exemplo de outras "nações" de torcedores de times grandes que parecem aprovar ou tolerar).
Mas, então... e amanhã, quando o meu clube estiver na elite, o que será que essas pessoas farão? E as Torcidas Organizadas? O que elas pensam hoje, o que farão amanhã?
Não tenho dúvidas de que essas mesmas pessoas que praticaram os atos de violência também são capazes de atos da maior abnegação e sacrifício a favor do clube e dos seus amigos e companheiros torcedores. Entretanto, se desejamos ser uma torcida diferenciada não só na quantidade como também - e principalmente - na qualidade, não podemos tolerar que tais atos repitam, ou acabaremos nivelados "por baixo". Se hoje esta torcida é destaque na mídia local que enaltece a sua dedicação e amor pelo time, amanhã poderá ser alvo de condenação geral da sociedade... por causa de uns poucos, pouquíssimos torcedores que não controlam a sua violência, escudados pelo suposto aval da sua "nação".
Não vou expandir aqui a discussão sobre a natureza humana violenta nem sobre a banalização das práticas de violência em todas as esferas sociais. É que todos somos violentos em maior ou menor grau, e o que nos faz merecedores da paz e nos dá o direito de viver nesta sociedade em segurança é a capacidade de cada um em controlar os seus ímpetos violentos seja contra quem ou o que for. No caso de violência dos torcedores, eles também são capazes de se controlarem, mas para isso a sua "nação" deve dizer a eles que tais atos não serão mais tolerados.
O novo Estatuto do Torcedor vai endurecer o controle sobre torcedores e torcidas, e a lei será aplicada a todos, sem distinção do tamanho ou importância do seu clube no ranking nacional. Com isso muitos inocentes irão se submeter a situações vexatórias ou constrangedoras, por serem tratados todos como criminosos em potencial, e muitos acabarão por abandonar as arenas e estádios...
A cultura da violência no futebol tem que acabar, e essa mudança não começa apenas com imposição de leis elaboradas por políticos de gabinete, mas por próprios torcedores frequentadores das arquibancadas. Futebol é paixão, é prazer, e é para todos, torcedores fanáticos ou meros simpatizantes. Acima de tudo futebol não é, nem nunca deve ser instrumento de extravazão dos instintos selvagens!
Na minha cidade há vários times de futebol profissional, e eu sou uma modesta "torcedora" de um deles. Coloco a palavra entre aspas, pois a minha torcida não passa de acompanhar o desempenho do time e desejar que ele jogue bem com vitórias, é claro. Ocorre que esse meu time é dono de uma das mais fervorosas e fanáticas torcidas do interior e seguramente a maior, em número de torcedores de todos os matizes. A cidade e o clube devem ser orgulhosos disso. Mas será que essa é a melhor torcida? Quantidade é sinônimo de Qualidade, em se tratando de torcedores de futebol?...
No último campeonato, o clube tropeçou no último jogo e perdeu o acesso. Mas os 1.500 torcedores que viajaram centenas de quilômetros para incentivar o time na sua última partida não esmoreceram e cantaram o hino de amor incondicional até o apito final. Foi um espetáculo profundamente emocionante, maravilhoso... Nesse dia acreditei que essa torcida não era apenas a maior mas a melhor torcida do interior, se não de todo o Brasil.
E hoje queria continuar acreditando que sim, pois o erro de uma minoria não deveria comprometer a credibilidade da totalidade. Por erro quero dizer da prática da violência - física e moral - cometida por alguns torcedores do meu clube contra os jogadores de um clube da cidade vizinha - clube eleito como seu rival maior - e contra os seus torcedores que vieram acompanhar o seu time jogar com outro time desta cidade. Nem era jogo contra o meu clube, que após perder aquela partida estava sem campeonato...!
Esse incidente terrível como que me acordou para uma realidade que eu teimava em "esquecer". O futebol alegre, o futebol inocente, o futebol laser é coisa do passado. Hoje, o futebol é coisa séria. É (para seus promotores) negócio de alto risco com milhões em jogo, e refúgio para o povo-espectador, onde os violentos encontram desculpas para praticar atos de vandalismo e intimidação em nome do seu clube, o que em outras circunstâncias seriam criminosos ou no mínimo execrados como marginais.
Esse cenário é tão mais grave quanto mais o time ganha destaque. É raro, quase nulo acontecerem atos de barbárie praticados por torcedores de time de pouca expressão. Mas basta o time ascender ao destaque estadual ou nacional que esses atos começam a pipocar aqui e ali. O meu clube tem o firme propósito de ascender à elite do futebol profissional, e esse objetivo deverá ser alcançado no próximo ano. Qual, então, será o comportamento dos torcedores?
A torcida do meu clube é impressionante, principalmente se levar em consideração a a pouca importância do clube no cenário do futebol nacional. É o maior público do interior, incentiva o time em todos os momentos do jogo, nenhum obstáculo a impede de acompanhar os seus jogos enfrentando seja horários de jogo esdrúxulos, maus tempos ou distâncias, orgulha-se dos bons resultados como nenhuma outra torcida, cobra e pressiona a diretoria do clube mais do que qualquer outra, permanece fiel mesmo nas piores decepções. Assim, a alegria e o orgulho de pertencer a essa nação quando o time subir à elite do futebol, por maior que fossem não serão exagerados nem imerecidos.
Mas, como o ditado popular diz, uma fruta podre pode comprometer toda a colheita...
O orgulho e felicidade de torcer por um time vitorioso pode dar a falsa impressão de que o poder do time é também o seu poder. No meio da imensa maioria de torcedores pacíficos, há pessoas que já quebraram a porta do vestiário dos jogadores e arrancaram a camisa de torcedores do time rival. Só por que essas pessoas têm vínculo de trabalho ou afeição com esse clube rival. E esses vãndalos ganham a coragem de praticar esses atos por pertencerem a uma "nação" de torcedores, e acreditam que têm o aval dessa nação (a exemplo de outras "nações" de torcedores de times grandes que parecem aprovar ou tolerar).
Mas, então... e amanhã, quando o meu clube estiver na elite, o que será que essas pessoas farão? E as Torcidas Organizadas? O que elas pensam hoje, o que farão amanhã?
Não tenho dúvidas de que essas mesmas pessoas que praticaram os atos de violência também são capazes de atos da maior abnegação e sacrifício a favor do clube e dos seus amigos e companheiros torcedores. Entretanto, se desejamos ser uma torcida diferenciada não só na quantidade como também - e principalmente - na qualidade, não podemos tolerar que tais atos repitam, ou acabaremos nivelados "por baixo". Se hoje esta torcida é destaque na mídia local que enaltece a sua dedicação e amor pelo time, amanhã poderá ser alvo de condenação geral da sociedade... por causa de uns poucos, pouquíssimos torcedores que não controlam a sua violência, escudados pelo suposto aval da sua "nação".
Não vou expandir aqui a discussão sobre a natureza humana violenta nem sobre a banalização das práticas de violência em todas as esferas sociais. É que todos somos violentos em maior ou menor grau, e o que nos faz merecedores da paz e nos dá o direito de viver nesta sociedade em segurança é a capacidade de cada um em controlar os seus ímpetos violentos seja contra quem ou o que for. No caso de violência dos torcedores, eles também são capazes de se controlarem, mas para isso a sua "nação" deve dizer a eles que tais atos não serão mais tolerados.
O novo Estatuto do Torcedor vai endurecer o controle sobre torcedores e torcidas, e a lei será aplicada a todos, sem distinção do tamanho ou importância do seu clube no ranking nacional. Com isso muitos inocentes irão se submeter a situações vexatórias ou constrangedoras, por serem tratados todos como criminosos em potencial, e muitos acabarão por abandonar as arenas e estádios...
A cultura da violência no futebol tem que acabar, e essa mudança não começa apenas com imposição de leis elaboradas por políticos de gabinete, mas por próprios torcedores frequentadores das arquibancadas. Futebol é paixão, é prazer, e é para todos, torcedores fanáticos ou meros simpatizantes. Acima de tudo futebol não é, nem nunca deve ser instrumento de extravazão dos instintos selvagens!
BASTA DE VIOLÊNCIA!
.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Necrofagia da Mídia
Face ao falecimento de um artista explorado como nunca pela mídia, pensei em colocar uma nota sobre esse artista - e outros também, cuja vida e até a morte deixam de lhes pertencer a partir do momento em que cai nas malhas da mídia (ou antes até, se for um ídolo pre-fabricado...)
No entanto, um jornalista e pensador muito lúcido já escreveu tudo que eu teria querido expressar, até mesmo sobre as preferências musicais e lembranças do passado. Desse modo, prefiro transcrever aqui o seu artigo na íntegra, fazendo das suas as minhas palavras.
O autor é Celso Lungaretti, combativo jornalista que mantém o blog "Náufrago da Utopia" (mesmo título do seu livro).
Para quem deseja manter vivas as memórias dos anos 60 e 70 ou conhecer um pouco mais da história do país contada por alguém que viveu intensamente aqueles idos anos - tão gloriosos para a arte como ignominiosos para a política - a sua leitura é imperdível (ainda que sua visão dos fatos seja declaradamente radical...) Recomendo calorosamente!
Do boi só se perde o berro, diziam os antigos. Foi o que me veio à cabeça ao assistir à overdose de Michael Jackson em jornais, revistas, rádios e tevês.
A mesma indústria cultural que deu projeção exageradíssima a quem tinha talento, é verdade, mas nunca foi um revolucionário da música como os Beatles; que tanto glamourizou suas esquisitices de adulto malresolvido, como se fosse desejável que quarentões se comportassem à maneira de impúberes; que foi de uma crueldade ímpar ao expor o que me pareceu ser mais uma atração platônica pelos jovens do que pedofilia propriamente dita (ou seja, ele continuaria estacionado na sexualidade infantil, impotente para chegar às vias de fato); e que o relegou ao ostracismo quando sua imagem se tornou politicamente incorreta - agora transforma sua morte num repulsivo espetáculo de canonização midiática.
Nunca apreciei a música do Jacksons 5, nem a que ele fez depois na sua carreira-solo. Comercial demais para o meu gosto de rockeiro apegado às origens bluesísticas.
Ademais, os malditos videoclips, de quem Jackson foi o rei, marcam a retomada do controle por parte da indústria cultural, depois de ter sido obrigada a submeter-se à explosão roqueira durante alguns anos gloriosos, entre o final dos '60 e o início dos '70.
Nunca esquecerei de Joe Cocker, depois de um animado passeio por São Paulo, entrando diretamente no palco, com a roupa que vestia. Para arrasar, com sua entrega incondicional à música.
Nunca esquecerei da a temporada do Cream em que os fulgurantes improvisos de Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker faziam com que, noite após noite, os números tivessem duração diferente.
Nunca esquecerei de Jimi Hendrix, com sua beleza selvagem, implodindo o hino estadunidense em Woodstock.
Os clips dos anos 70 significaram a substituição do talento bruto pela produção onerosa, da paixão pelo ensaio, da arte pelo espetáculo. E Michael Jackson acabou simbolizando essa domesticação.
Mas, seu destino como ser humano vitimado por essa engrenagem perversa sempre me inspirou compaixão. É triste vermos como um menino bonito, simpático e espontâneo, após receber o toque de Sadim (Midas às avessas) do sistema, tornou-se um adulto descaracterizado e sofredor.
Até sua cor quis negar, ao invés de orgulhar-se dela como o grande Muhammad Ali. Acabou ficando com imagem idêntica à dos vampiros mutantes de um clássico do terror, A Última Esperança da Terra (d. Boris Sagal, 1971), como se castigado pelos deuses.
Foi sugado, espremido e jogado fora. Aí a comoção causada por sua morte deu chance a um reaproveitamento do bagaço, para faturarem mais um pouquinho.
A indústria cultural é um dos componentes mais doentios e malignos do capitalismo putrefato. Casos como o de Michael Jackson dão uma dimensão total de sua capacidade de destruir seres humanos para saciar a curiosidade mórbida de seus públicos, movida pelo amoralismo do lucro.
(Texto original por Celso Lungaretti)
No entanto, um jornalista e pensador muito lúcido já escreveu tudo que eu teria querido expressar, até mesmo sobre as preferências musicais e lembranças do passado. Desse modo, prefiro transcrever aqui o seu artigo na íntegra, fazendo das suas as minhas palavras.
O autor é Celso Lungaretti, combativo jornalista que mantém o blog "Náufrago da Utopia" (mesmo título do seu livro).
Para quem deseja manter vivas as memórias dos anos 60 e 70 ou conhecer um pouco mais da história do país contada por alguém que viveu intensamente aqueles idos anos - tão gloriosos para a arte como ignominiosos para a política - a sua leitura é imperdível (ainda que sua visão dos fatos seja declaradamente radical...) Recomendo calorosamente!
Do boi só se perde o berro, diziam os antigos. Foi o que me veio à cabeça ao assistir à overdose de Michael Jackson em jornais, revistas, rádios e tevês.
A mesma indústria cultural que deu projeção exageradíssima a quem tinha talento, é verdade, mas nunca foi um revolucionário da música como os Beatles; que tanto glamourizou suas esquisitices de adulto malresolvido, como se fosse desejável que quarentões se comportassem à maneira de impúberes; que foi de uma crueldade ímpar ao expor o que me pareceu ser mais uma atração platônica pelos jovens do que pedofilia propriamente dita (ou seja, ele continuaria estacionado na sexualidade infantil, impotente para chegar às vias de fato); e que o relegou ao ostracismo quando sua imagem se tornou politicamente incorreta - agora transforma sua morte num repulsivo espetáculo de canonização midiática.
Nunca apreciei a música do Jacksons 5, nem a que ele fez depois na sua carreira-solo. Comercial demais para o meu gosto de rockeiro apegado às origens bluesísticas.
Ademais, os malditos videoclips, de quem Jackson foi o rei, marcam a retomada do controle por parte da indústria cultural, depois de ter sido obrigada a submeter-se à explosão roqueira durante alguns anos gloriosos, entre o final dos '60 e o início dos '70.
Nunca esquecerei de Joe Cocker, depois de um animado passeio por São Paulo, entrando diretamente no palco, com a roupa que vestia. Para arrasar, com sua entrega incondicional à música.
Nunca esquecerei da a temporada do Cream em que os fulgurantes improvisos de Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker faziam com que, noite após noite, os números tivessem duração diferente.
Nunca esquecerei de Jimi Hendrix, com sua beleza selvagem, implodindo o hino estadunidense em Woodstock.
Os clips dos anos 70 significaram a substituição do talento bruto pela produção onerosa, da paixão pelo ensaio, da arte pelo espetáculo. E Michael Jackson acabou simbolizando essa domesticação.
Mas, seu destino como ser humano vitimado por essa engrenagem perversa sempre me inspirou compaixão. É triste vermos como um menino bonito, simpático e espontâneo, após receber o toque de Sadim (Midas às avessas) do sistema, tornou-se um adulto descaracterizado e sofredor.
Até sua cor quis negar, ao invés de orgulhar-se dela como o grande Muhammad Ali. Acabou ficando com imagem idêntica à dos vampiros mutantes de um clássico do terror, A Última Esperança da Terra (d. Boris Sagal, 1971), como se castigado pelos deuses.
Foi sugado, espremido e jogado fora. Aí a comoção causada por sua morte deu chance a um reaproveitamento do bagaço, para faturarem mais um pouquinho.
A indústria cultural é um dos componentes mais doentios e malignos do capitalismo putrefato. Casos como o de Michael Jackson dão uma dimensão total de sua capacidade de destruir seres humanos para saciar a curiosidade mórbida de seus públicos, movida pelo amoralismo do lucro.
(Texto original por Celso Lungaretti)
Assinar:
Postagens (Atom)
Links:
Abaixo listo alguns links que visito com freqüência e ou gosto bastante por trazerem informações sempre úteis, críticas e conscientes.
- Cidadania, Política e Consciência Crítica:
. Congresso em Foco: O dia-a-dia do nosso Congresso Nacional;
. Observatório da Imprensa: Olhar crítico sobre a mídia
. Transparência Brasil: Política e políticos sob lente de aumento;
. Deu no Jornal: Banco de dados da corrupção no Brasil;
. Opinião e Notícias: Um jornalismo alternativo, de orientação liberal;
. Montbläat: Um jornalismo independente na net;
. Alberto Dines: Opinião deste isuperável jornalista em blog;
. Escritos Infames: blog do Teócrito Abritta, ambientalista, fotógrafo e escritor;
. Náufrago da Utopia: blog do jornalista Celso Lungaretti, ex-guerrilheiro dos anos de ditadura e eterno combatente das injustiças sociais;
. Humberto Laudares: blog muito lúcido sobre política e economia;
. Direitos Fundamentais: blog do George Marmelstein Lima, focando principalmente a filosofia do direito;
E as leis que devem fazer parte do nosso dia-a-dia:
. Código de Defesa do Consumidor: Lei Federal 8.078;
. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei Federal 8.069
. Estatuto do Idoso: Lei Federal 10.741;
. Lei de Crimes Ambientais: Lei Federal 9.605 (atenção para o artigo 32 que estabelece pena de detenção e multa para maltrato de animais!).
- Meio Ambiente:
. SOS Mata Atlântica: ONG com ações concretas e eficientes para salvar a Mata Atlântica;
. Greenpeace Brasil: ONG bastante atuante na defesa do meio ambiente e animais em perigo de extinção (embora meio fanática e agressiva...);
. Planeta Sustentável: portal de Abril e seus patrocinadores, com artigos e dicas para exercício de cidadania ecologicamente sustável;
. Envolverde: muito bom portal sobre meio ambiente e consciência verde;
. Portal das Energias Renováveis: tudo sobre o mundo da energia;
. Sustentabilidade: ambientalismo focado como negócio.
- Animais de Estimação e Proteção Animal:
. Saúde Animal: bastante útil para começar a entender os nossos animais de estimação e cuidá-los bem (cães, gatos, ferrets, aquarismo, etc);
. ANDA: Agência de Notícias de Direitos Animais - e-jornal em defesa dos animais;
. PEA (Projeto Esperança Animal): OSCIP com site bem detalhado sobre proteção animal e campanhas em todo o território nacional, sediada na Grande São Paulo;
. Beco dos Gatos: tudo sobre gatos, esse fantástico mas injustiçado animal de estimação;
. Gatos do Rio: mais informações sobre gatos, e adoção responsável dos gatos do Rio de Janeiro.
. Adote Um Gatinho: ONG semelhante a Gatos do Rio, porém sediada em São Paulo, SP.
- Culinária:
. Livro de Receitas: um dos sites com maior quantidade de receitas que já vi, para todos os gostos;
. Guia Vegano: receitas, ecologia e proteção animal - tudo num lugar só!
. Receitas Vegan: boas receitas para quem não pretende consumir proteína animal;
. Receita Passo a Passo: blog do Beto, um chef tão caprichoso nos seus posts que é impossível vc errar seguindo as suas receitas, simples mas super saborosas;
. Cantinho Vegetariano: blog da Elaine, onde se encontram excelentes e maravilhosas alternativas culinárias para quem precisa ou deseja deixar de comer carne e derivados.
- Laser, Entretenimento, Conhecimentos Gerais:
. AMG: o mais completo banco de dados sobre música (praticamente todos os estilos internacionalmente conhecidos) - em inglês;
. IMDB: tudo sobre o mundo de cinema - em inglês;
. Observatório: blog de astronomia, com belas fotos do mapa celeste;
. National Geographic: dispensa apresentação; este é original - em inglês;
. SuperInteressante: versão online da revista do mesmo nome;
. É Triste Viver de Humor: blog do Marcelo de Andrade, com charges de humor;
. Terceira Via Verdão: site mantido por torcedores do Palmeiras; eu não sou palmeirense, mas há excelentes artigos sobre o mundo do futebol;
. Futebol & Negócio: blog de vários colaboradores, focando o futebol como indústria do entretenimento.
- Cidadania, Política e Consciência Crítica:
. Congresso em Foco: O dia-a-dia do nosso Congresso Nacional;
. Observatório da Imprensa: Olhar crítico sobre a mídia
. Transparência Brasil: Política e políticos sob lente de aumento;
. Deu no Jornal: Banco de dados da corrupção no Brasil;
. Opinião e Notícias: Um jornalismo alternativo, de orientação liberal;
. Montbläat: Um jornalismo independente na net;
. Alberto Dines: Opinião deste isuperável jornalista em blog;
. Escritos Infames: blog do Teócrito Abritta, ambientalista, fotógrafo e escritor;
. Náufrago da Utopia: blog do jornalista Celso Lungaretti, ex-guerrilheiro dos anos de ditadura e eterno combatente das injustiças sociais;
. Humberto Laudares: blog muito lúcido sobre política e economia;
. Direitos Fundamentais: blog do George Marmelstein Lima, focando principalmente a filosofia do direito;
E as leis que devem fazer parte do nosso dia-a-dia:
. Código de Defesa do Consumidor: Lei Federal 8.078;
. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei Federal 8.069
. Estatuto do Idoso: Lei Federal 10.741;
. Lei de Crimes Ambientais: Lei Federal 9.605 (atenção para o artigo 32 que estabelece pena de detenção e multa para maltrato de animais!).
- Meio Ambiente:
. SOS Mata Atlântica: ONG com ações concretas e eficientes para salvar a Mata Atlântica;
. Greenpeace Brasil: ONG bastante atuante na defesa do meio ambiente e animais em perigo de extinção (embora meio fanática e agressiva...);
. Planeta Sustentável: portal de Abril e seus patrocinadores, com artigos e dicas para exercício de cidadania ecologicamente sustável;
. Envolverde: muito bom portal sobre meio ambiente e consciência verde;
. Portal das Energias Renováveis: tudo sobre o mundo da energia;
. Sustentabilidade: ambientalismo focado como negócio.
- Animais de Estimação e Proteção Animal:
. Saúde Animal: bastante útil para começar a entender os nossos animais de estimação e cuidá-los bem (cães, gatos, ferrets, aquarismo, etc);
. ANDA: Agência de Notícias de Direitos Animais - e-jornal em defesa dos animais;
. PEA (Projeto Esperança Animal): OSCIP com site bem detalhado sobre proteção animal e campanhas em todo o território nacional, sediada na Grande São Paulo;
. Beco dos Gatos: tudo sobre gatos, esse fantástico mas injustiçado animal de estimação;
. Gatos do Rio: mais informações sobre gatos, e adoção responsável dos gatos do Rio de Janeiro.
. Adote Um Gatinho: ONG semelhante a Gatos do Rio, porém sediada em São Paulo, SP.
- Culinária:
. Livro de Receitas: um dos sites com maior quantidade de receitas que já vi, para todos os gostos;
. Guia Vegano: receitas, ecologia e proteção animal - tudo num lugar só!
. Receitas Vegan: boas receitas para quem não pretende consumir proteína animal;
. Receita Passo a Passo: blog do Beto, um chef tão caprichoso nos seus posts que é impossível vc errar seguindo as suas receitas, simples mas super saborosas;
. Cantinho Vegetariano: blog da Elaine, onde se encontram excelentes e maravilhosas alternativas culinárias para quem precisa ou deseja deixar de comer carne e derivados.
- Laser, Entretenimento, Conhecimentos Gerais:
. AMG: o mais completo banco de dados sobre música (praticamente todos os estilos internacionalmente conhecidos) - em inglês;
. IMDB: tudo sobre o mundo de cinema - em inglês;
. Observatório: blog de astronomia, com belas fotos do mapa celeste;
. National Geographic: dispensa apresentação; este é original - em inglês;
. SuperInteressante: versão online da revista do mesmo nome;
. É Triste Viver de Humor: blog do Marcelo de Andrade, com charges de humor;
. Terceira Via Verdão: site mantido por torcedores do Palmeiras; eu não sou palmeirense, mas há excelentes artigos sobre o mundo do futebol;
. Futebol & Negócio: blog de vários colaboradores, focando o futebol como indústria do entretenimento.