terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pupunha congelada

Como "quase-vegetariana" que sou, adoro todos os vegetais, entre os quais o palmito. Mas já faz muito tempo que não o consumo pelo fato de ele ser geralmente extraído na mata nativa clandestinamente de forma predatória, contribuindo para a extinção da espécie.

Então soube que pupunha, uma espécie de palmeira que também fornece o palmito, é a única que não morre quando se corta, podendo assim ser consumido sem "dor na consciência". (Mais informações sobre essa palmeira pode ser lido aqui, na Wikipedia.)

O problema é que pupunha que tenho encontrado está em conserva, e tenho evitado todo tipo de latarias e conservas industriais, por que na sua maioria eles levam muitos produtos químicos na composição tornando o alimento menos saudável.

Então estava em busca desse palmito que NÃO levasse conservantes, para substituir essa delícia culinária, e hoje encontrei no blog O Guia Verde a ótima notícia dada pela Marcia Bindo: o palmito da pupunha cozida e congelada sem aditivos e com Selo Verdeencontra-se à venda na cidade de São Paulo. Mas eu não moro mais na capital... Sem pânico! como a rede Pão de Açúcar faz parte dos varejistas, há boas chances de encontrar esse palmito também fora da metrópole.

Para se praticar cozinha ecológica, não precisa sacrificar o paladar nem se abster de coisas boas! Esse produto vem dar mais essa prova de que pode-se comer bem sem maltratar a natureza.

Vou reproduzir abaixo o texto da Marcia na sua íntegra, que também pode ser lido aqui.

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"Eu confesso: adoro palmito – palmito na salada, torta, de palmito, empada de palmito, pastel de palmito, enfim.. até que descobri que é ecologicamente incorreto consumir palmito – ele é justamente o miolo das palmeiras que são inteiramente cortadas para a extração. Ou seja, a extração do palmito implica na morte da Palmeira e tem colocado em risco as espécies das quais é obtido, sobretudo a espécie Euterpe edulis, a mais procurada. A alternativa que tem sido estudada são os palmitos vindos da palmeira de pupunha que, diferente das demais espécies de palmito, brota e cresce depois de cortado, evitando a devastação de florestas. Esse papo todo é pra dizer que acabou de ser lançado uma linha de pupunha congelado da empresa São Cassiano. Pré-cozido e 100% natural, sem nenhum conservante ou aditivo químico, o novo produto chegará aos supermercados e empórios em duas diferentes versões: picado (R$ 10,75) e em fios (R$ 13,80). É o único a possuir o Selo Verde, garantindo ao consumidor que o produto não agride as florestas tropicais. A marca é utilizada por grandes chefs de cozinha no Brasil, como Alex Atala, que prepara no restaurante DOM um Fettucini de Pupunha à Carbonara, Bel Coelho, Claude Troisgros, Flávia Quaresma e Viko Tangoda. Receitas desses e outros chefs podem ser conferidas no site da São Cassiano. E os produtos já podem ser encontrados nestes endereços: Pomar da Vila, Rua Mourato Coelho, 1458. e Supermercado Yaya, Rua Tutóia, 430.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Um homem no esgoto

Não sei por quê, lembrança de um fato veio-me à memória fazendo-me pensar sobre o ser humano e humanidade.

Na época, o que vi foi muito forte e me deixou um terrível gosto amargo de remorso que custei a "esquecer". Que voltou tão fresco e imbatível como a própria lembrança da cena que ressuscitou das cinzas do meu passado...

Não me lembro para onde estava indo, eu viajava num ônibus nas ruas de São Paulo, sentada ao lado da janela por onde eu olhava distraída as cenas urbanas da metrópole onde vivia. Numa esquina, o farol fechou e o ônibus parou, à beira de um dos muitos rios que cortam a cidade, naquela época ainda sem canalização, puro esgoto a céu aberto.

Olhando pela janela, chamou-me a atenção um homem de pé dentro desse rio. A água lhe cobria os tornozelos e ele estava totalmente nu. Nas mãos um sabão que ele esfregava na sua cabeleira, fazendo muita espuma que escorria pela nuca e costas. Ele estava tomando banho! naquele rio cuja água era quase preta, e aos olhos de quem passasse por ali.

Mas ele não parecia constrangido; ao contrário, eu quase conseguia ouví-lo cantar. A sua nudez era tão inocente como a de uma criança, e o homem estava feliz com o seu pedaço de sabão e água do rio que lhe permitiam tomar um banho. Depois de quanto tempo?... pela trouxa disforme abandonada na margem do rio, era claro que se tratava de um indigente. Um "loser", um perdedor expulso da sociedade constituída, sem lar, sem emprego, sem os itens mais básicos de uma vida "civilizada", e eventualmente sem mais pudores ou raciocínio que caracterizam a mesma sociedade a que ele não pertencia mais. Mas o prazer de um banho e do asseio ele não havia perdido.

Um borbulhinho dentro do ônibus, os demais passageiros também perceberam o homem no rio. Ouvi comentários, alguns jocosos, outros irados, e eu fuzilei os passageiros com meu olhar. O meu coração estava em rebuliço, não sabia se o que sentia era uma empatia muito grande pelo homem feliz ou uma grande raiva pelo mundo que o condenou à tamanha miséria que o obrigava a tomar banho no esgoto.

O meu impulso era de descer do ônibus e tentar ajudar o homem a reencontrar o caminho de volta à "civilização". Mas o que eu poderia fazer? Era jovem e ignorante, também desempregada, não tinha dinheiro siquer para saldar o aluguel do mês, e vivia numa cidade hostil e desconhecida, sem ninguém que me amparasse. E essa mesma cidade não iria amparar esse homem tampouco se até aquele momento não o tinha feito.

O sinal abriu, o ônibus reiniciou o movimento. A cena do banho ficou para trás, e pessoas pareciam esquecer em seguida o que haviam acabado de presenciar. Eu permaneci sentada, igual aos demais passageiros, não tomei nenhuma atitude que a minha consciência ditava que devia.

Passadas décadas desde então, os costumes mudaram mas a miséria continua e a inocência cada vez mais conspurcada. Hoje vemos crianças se prostituindo e consumindo drogas nas ruas sob olhar de todos que passam ao seu lado, igual aos transeuntes que assistiram à cena do homem no rio. O consumo de droga me parece uma tentativa de buscar a felicidade que a sociedade lhes nega como negou àquele indigente. Mas aquele homem encontrou uma brecha e viveu um momento de genuína felicidade num banho, enquanto que as crianças pobres de hoje estão presas nas mãos da parcela da sociedade que é mais do que indiferente, é criminosa. Há que se fazer algo por elas, basta de comodismo. Dizer que o esforço individual não resolve os problemas do mundo é tentar justificar o injustificável, como eu tentei no passado sem conseguir me convencer.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Pequena Contribuição ao Meio Ambiente

O planeta continua o seu processo de aquecimento graças aos governantes e povos que não abrem mão das riquezas materiais, conforto e poder. A consciência de que cada um tem que fazer a sua parte parece que está bem disseminada, porém pouco praticada.

Louvável é o fato de cada vez mais pessoas estarem reciclando o seu lixo, empresas adotarem os papéis reciclados... mas será que não dá para fazer mais?

Num dos sites que listei ao lado sobre a reciclagem de carbono que emitimos, calculei a quantidade equivalente de CO2 para cada atividade. Vejam só:

Gás de cozinha: 1 botijão de gás equivale a 0,46 ton de CO2 (460 kg);
Gás canalizado: 1 m3 equivale a 0,025 ton de CO2;
Energia elétrica: 100 kwh equivale a 0,04 ton de CO2;
1000 km rodados com carro pequeno movido a álcool: 0,3 ton CO2;
1000 km rodados com carro pequeno movido a gasolina ou gás: 1,7 ton CO2;
1000 km rodados com carro pequeno "flex": 1,17 ton CO2.

(Recomendo a todos que entrem nos sites e façam a sua conversão também. É bom saber o quanto estamos contribuindo para o aquecimento global.)

Aí muitos já deram várias dicas de como reduzir a nossa emissão. Mas há certas práticas difíceis de habituar.

Por exemplo: muitos já bateram na tecla de economia da energia elétrica que é tirar os aparelhos do "stand-by". Mas quantas famílias praticam esse ato de conectar e desconectar os aparelhos da tomada toda vez que quer ouvir um som, assistir à TV ou DVD, aquecer um prato no microondas?... Além de esses aparelhos serem muitos ultimamente, a tomada geralmente fica escondida atrás e de difícil acesso.

Outro exemplo: muitos cozinham as suas refeições no forno. Tem pessoas que, mesmo morando sozinhas, chegam a usar o forno quase que diariamente! Entre pre-aquecimento e cocção, são quase uma hora de forno ao dia. Claro, o sabor de alimentos cozidos ou assados no forno é especial, mas precisa usá-lo todo dia?!

E nem falo da demora no banho diário, do uso do carro próprio para ir a qualquer lugar... são hábitos muito difíceis de mudar. Mas não custa tentar, certo?! Principalmente se houver meios que facilitem o nosso dia-a-dia.

Para o problema de tirar os aparelhos do stand-by, a solução que encontrei foi colocar um estabilizador ao lado da TV na sala. Em casa, são 5 aparelhos eletrônicos, então procurei pelo estabilizador com 5 saídas (foi um pouco difícil de encontrar, mas existe).

Apesar de ser bem mais caro que um "benjamin", o estabilizador tem várias vantagens que são insuperáveis:

- não quebra a estética da sala, mesmo sendo colocado num lugar bem acessível;
- permite desconectar todos os aparelhos com um só toque; ou, se quiser desconectar apenas um aparelho, o alcance da tomada é imediato;
- estabiliza a flutuação da tensão e corrente além de possuir um fusível para sobrecargas, o que torna o seu uso uma garantia adicional para a saúde dos aparelhos.

Para o microondas, não teve jeito, desconecto na tomada. Mas já faço isso com outros eletrodomésticos como liquidificador, processador, batedeira, aspirador de pó... Foi questão somente de trazer a tomada para uma posição mais acessível e criar o hábito, o que foi mais fácil e rápido que os demais hábitos... (A propósito, recomendo que faça o mesmo; descobri que o microondas consome cerca de 10 a 15 kwh/mês ficando em stand-by! Relógio caro e gastão, não é mesmo?)

E sempre que puder, prefira o microondas para cozinhar e assar os seus pratos. Além de significar menor emissão de CO2, muitos alimentos cozinham mais rápido no microondas do que no forno ou no fogão, e é mais eficiente sob ponto de vista energético, pois há muito pouca perda. Com a queima do gás, muito calor é dissipado para o ambiente sem aproveitamento para a cocção.

E com microondas ainda tem a vantagem de não perder os nutrientes para a água de cozimento, uma vez que a maioria dos alimentos possui água própria (exceção aos grãos e farináceos) e requer adição mínima da mesma no recipiente que vai para o forno.

Apagar a luz do ambiente vazio... Esse é outro hábito aparentemente difícil de adquirir. Em casa foi bem fácil, aqui é muito raro ter um cômodo com luz acesa quando não há ninguém. Mas a solução para uma família renitente seria a instalação de interruptores sensíveis ao movimento e luz, desses que existem nos halls de elevador dos prédios. Se voltar a construir uma casa (a que construímos um dia, tivemos que vender...), pretendo colocar essa idéia em prática :)

Quanto ao uso intensivo do carro... Ai, cada um sabe das suas necessidades, e é notório que a questão de segurança e tempo consumido no trânsito praticamente impedem as pessoas de saírem de casa a pé... Mas, nesse caso, considere seriamente trocar de carro por um movido a álcool. Sempre soube que álcool é menos poluente que gasolina ou diesel, mas o pequeno cálculo que fiz me provou o quanto. Além de ser combustível renovável, o álcool é SEIS vezes menos poluente que gasolina e ainda mais em relação ao diesel (que não cheguei a calcular...)

A questão de economia monetária (álcool roda menos que gasolina por litro) é irrelevante frente à grande economia que se faz na emissão de gás carbônico, pois ele roda bem mais que 1/6 de kilometragem rodada com gasolina.

E claro, cuide bem do seu veículo. Um motor bem regulado e lubrificado, velas limpas, pneus calibrados, catalisador e filtros em boas condições e injetor regulado e desobstruído fazem uma grande diferença no consumo do combustível.

E, finalmente... Plante árvores! Os sites listados ao lado idreito deste post permitem que a sua emissão de CO2 seja compensada pelas árvores que as entidades plantam e cuidam para nós. Em especial, recomendo o site Click Árvore onde se pode plantar gratuitamente uma muda de espécie nativa da Mata Atlântica por dia, significando que em um ano cada um de nós terá contribuído com 365 árvores que irão reabsorver o gás carbônico que nós emitimos.

Se cada um fizer o que estiver ao seu alcance, talvez o planeta consiga sobreviver!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ética vs Plágio

Tenho um amigo muito querido que outro dia me cobrou a assiduidade das minhas postagens neste blog. Então, à guisa de desculpas aos leitores, gostaria de justificar a minha ausência.

Um dos motivos é, obviamente, a falta de tempo, mas essa não é a "melhor" nem a mais premente das minhas motivações (ou falta de...) Outra é falta de recursos deste computador e impossibilidade financeira de dar um upgrade na máquina. Mas essa também é um fato que já vem ocorrendo há muito tempo e portanto não constitui uma desculpa irrecusável.

Mas há um fato que ao descobrir me deixou bastante triste e aborrecida, causando um desgaste muito grande na minha motivação em continuar postando com frequência.

É que encontrei dois blogs onde os meus textos eram reproduzidos ipsis littere e sem crédito à autora original, no caso, eu.

Nunca tive grandes pretensões desde que abri este blog. A minha intenção ao montá-lo era e continua sendo um laser pessoal e um registro de pensamentos do cotidiano para mim, do que propriamente um canal para fazer amigos ou divulgar idéias e convencer os leitores... Para fazer amigos (no mundo virtual), há outros meios como foruns, MSN e orkut, e não me sinto capacitada para convencer outros das minhas idéias, já que elas nem siquer são originais ou inovadoras, e conheço muitas pessoas muito melhor preparadas e respeitadas para serem formadores de opinião.

Mas mesmo que as minhas idéias sejam não-originais, elas são minhas na medida em que elas brotam dentro de mim. (É claro, em consequência de estímulos que recebo deste mundo.) E ao expô-las aqui, o que me motiva é também compartilhá-las com leitores, sem dúvida. E se encontro ecos nos seus pensamentos e emoções, que maravilha! ficaria orgulhosa e feliz.

E quando me deparo com algum texto que melhor descreve essas idéias, tenho o maior prazer de apresentar o autor do texto, além de avisá-lo sobre a reprodução do seu texto para publicar aqui. Esse tem sido o meu procedimento, pois creio que dar crédito devido ao autor é, além de uma obrigação imposta pela ética, um sinal de respeito e admiração para com o mesmo que soube escrever melhor do que eu sobre "minhas" idéias e sentimentos daquele momento.

Entretanto, parece que essa minha atitude não é compartilhada por alguns leitores. Não que eu fique triste por ter o meu texto publicado em outros blogs. Ao contrário, se alguém o reproduziu, é por que esse alguém gostou do meu texto, e é gostoso saber que tem gente que aprecia o que escrevo. Mas publicá-lo como se fosse da sua autoria, sem citar a fonte, é plágio e é falta de ética e respeito.

E porque eu tenho por hábito tentar respeitar os outros e ser a mais ética possível, creio que inconscientemente esperava o mesmo dos demais, daí o choque. Mas talvez eu não devesse ficar tão aborrecida, afinal sei que muitos blogueiros também já sofreram o mesmo. (Num dos blogs de culinária que acompanho, o autor colocou marca-d'água nas fotos dos seus pratos para evitar "roubo" das imagens, além da receita).

Mas, então... Não há como colocar algo semelhante à marca-d'água nos textos e muito menos registrar cada texto de um blog no INMP (Instituto Nacional de Marcas e Patentes), rsrsrs! O que preciso é de um tempo para me recompor. E decidir se devo aprender a relevar esses comportamentos anti-éticos de alguns leitores ou engrossar a fileira de combatentes na linha de frente da batalha contra a falta de ética que grassa sem piedade a nossa sociedade em todos os setores.

sábado, 18 de julho de 2009

Psicologia do torcedor violento

Há alguns dias atrás houve um incidente na minha cidade que me deixou muito desgostosa e me levou a uma reflexão sobre o assunto.

Na minha cidade há vários times de futebol profissional, e eu sou uma modesta "torcedora" de um deles. Coloco a palavra entre aspas, pois a minha torcida não passa de acompanhar o desempenho do time e desejar que ele jogue bem com vitórias, é claro. Ocorre que esse meu time é dono de uma das mais fervorosas e fanáticas torcidas do interior e seguramente a maior, em número de torcedores de todos os matizes. A cidade e o clube devem ser orgulhosos disso. Mas será que essa é a melhor torcida? Quantidade é sinônimo de Qualidade, em se tratando de torcedores de futebol?...

No último campeonato, o clube tropeçou no último jogo e perdeu o acesso. Mas os 1.500 torcedores que viajaram centenas de quilômetros para incentivar o time na sua última partida não esmoreceram e cantaram o hino de amor incondicional até o apito final. Foi um espetáculo profundamente emocionante, maravilhoso... Nesse dia acreditei que essa torcida não era apenas a maior mas a melhor torcida do interior, se não de todo o Brasil.

E hoje queria continuar acreditando que sim, pois o erro de uma minoria não deveria comprometer a credibilidade da totalidade. Por erro quero dizer da prática da violência - física e moral - cometida por alguns torcedores do meu clube contra os jogadores de um clube da cidade vizinha - clube eleito como seu rival maior - e contra os seus torcedores que vieram acompanhar o seu time jogar com outro time desta cidade. Nem era jogo contra o meu clube, que após perder aquela partida estava sem campeonato...!

Esse incidente terrível como que me acordou para uma realidade que eu teimava em "esquecer". O futebol alegre, o futebol inocente, o futebol laser é coisa do passado. Hoje, o futebol é coisa séria. É (para seus promotores) negócio de alto risco com milhões em jogo, e refúgio para o povo-espectador, onde os violentos encontram desculpas para praticar atos de vandalismo e intimidação em nome do seu clube, o que em outras circunstâncias seriam criminosos ou no mínimo execrados como marginais.

Esse cenário é tão mais grave quanto mais o time ganha destaque. É raro, quase nulo acontecerem atos de barbárie praticados por torcedores de time de pouca expressão. Mas basta o time ascender ao destaque estadual ou nacional que esses atos começam a pipocar aqui e ali. O meu clube tem o firme propósito de ascender à elite do futebol profissional, e esse objetivo deverá ser alcançado no próximo ano. Qual, então, será o comportamento dos torcedores?

A torcida do meu clube é impressionante, principalmente se levar em consideração a a pouca importância do clube no cenário do futebol nacional. É o maior público do interior, incentiva o time em todos os momentos do jogo, nenhum obstáculo a impede de acompanhar os seus jogos enfrentando seja horários de jogo esdrúxulos, maus tempos ou distâncias, orgulha-se dos bons resultados como nenhuma outra torcida, cobra e pressiona a diretoria do clube mais do que qualquer outra, permanece fiel mesmo nas piores decepções. Assim, a alegria e o orgulho de pertencer a essa nação quando o time subir à elite do futebol, por maior que fossem não serão exagerados nem imerecidos.

Mas, como o ditado popular diz, uma fruta podre pode comprometer toda a colheita...
O orgulho e felicidade de torcer por um time vitorioso pode dar a falsa impressão de que o poder do time é também o seu poder. No meio da imensa maioria de torcedores pacíficos, há pessoas que já quebraram a porta do vestiário dos jogadores e arrancaram a camisa de torcedores do time rival. Só por que essas pessoas têm vínculo de trabalho ou afeição com esse clube rival. E esses vãndalos ganham a coragem de praticar esses atos por pertencerem a uma "nação" de torcedores, e acreditam que têm o aval dessa nação (a exemplo de outras "nações" de torcedores de times grandes que parecem aprovar ou tolerar).

Mas, então... e amanhã, quando o meu clube estiver na elite, o que será que essas pessoas farão? E as Torcidas Organizadas? O que elas pensam hoje, o que farão amanhã?

Não tenho dúvidas de que essas mesmas pessoas que praticaram os atos de violência também são capazes de atos da maior abnegação e sacrifício a favor do clube e dos seus amigos e companheiros torcedores. Entretanto, se desejamos ser uma torcida diferenciada não só na quantidade como também - e principalmente - na qualidade, não podemos tolerar que tais atos repitam, ou acabaremos nivelados "por baixo". Se hoje esta torcida é destaque na mídia local que enaltece a sua dedicação e amor pelo time, amanhã poderá ser alvo de condenação geral da sociedade... por causa de uns poucos, pouquíssimos torcedores que não controlam a sua violência, escudados pelo suposto aval da sua "nação".

Não vou expandir aqui a discussão sobre a natureza humana violenta nem sobre a banalização das práticas de violência em todas as esferas sociais. É que todos somos violentos em maior ou menor grau, e o que nos faz merecedores da paz e nos dá o direito de viver nesta sociedade em segurança é a capacidade de cada um em controlar os seus ímpetos violentos seja contra quem ou o que for. No caso de violência dos torcedores, eles também são capazes de se controlarem, mas para isso a sua "nação" deve dizer a eles que tais atos não serão mais tolerados.

O novo Estatuto do Torcedor vai endurecer o controle sobre torcedores e torcidas, e a lei será aplicada a todos, sem distinção do tamanho ou importância do seu clube no ranking nacional. Com isso muitos inocentes irão se submeter a situações vexatórias ou constrangedoras, por serem tratados todos como criminosos em potencial, e muitos acabarão por abandonar as arenas e estádios...

A cultura da violência no futebol tem que acabar, e essa mudança não começa apenas com imposição de leis elaboradas por políticos de gabinete, mas por próprios torcedores frequentadores das arquibancadas. Futebol é paixão, é prazer, e é para todos, torcedores fanáticos ou meros simpatizantes. Acima de tudo futebol não é, nem nunca deve ser instrumento de extravazão dos instintos selvagens!

BASTA DE VIOLÊNCIA!
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quarta-feira, 1 de julho de 2009

Necrofagia da Mídia

Face ao falecimento de um artista explorado como nunca pela mídia, pensei em colocar uma nota sobre esse artista - e outros também, cuja vida e até a morte deixam de lhes pertencer a partir do momento em que cai nas malhas da mídia (ou antes até, se for um ídolo pre-fabricado...)

No entanto, um jornalista e pensador muito lúcido já escreveu tudo que eu teria querido expressar, até mesmo sobre as preferências musicais e lembranças do passado. Desse modo, prefiro transcrever aqui o seu artigo na íntegra, fazendo das suas as minhas palavras.

O autor é Celso Lungaretti, combativo jornalista que mantém o blog "Náufrago da Utopia" (mesmo título do seu livro).

Para quem deseja manter vivas as memórias dos anos 60 e 70 ou conhecer um pouco mais da história do país contada por alguém que viveu intensamente aqueles idos anos - tão gloriosos para a arte como ignominiosos para a política - a sua leitura é imperdível (ainda que sua visão dos fatos seja declaradamente radical...) Recomendo calorosamente!
Do boi só se perde o berro, diziam os antigos. Foi o que me veio à cabeça ao assistir à overdose de Michael Jackson em jornais, revistas, rádios e tevês.

A mesma indústria cultural que deu projeção exageradíssima a quem tinha talento, é verdade, mas nunca foi um revolucionário da música como os Beatles; que tanto glamourizou suas esquisitices de adulto malresolvido, como se fosse desejável que quarentões se comportassem à maneira de impúberes; que foi de uma crueldade ímpar ao expor o que me pareceu ser mais uma atração platônica pelos jovens do que pedofilia propriamente dita (ou seja, ele continuaria estacionado na sexualidade infantil, impotente para chegar às vias de fato); e que o relegou ao ostracismo quando sua imagem se tornou politicamente incorreta - agora transforma sua morte num repulsivo espetáculo de canonização midiática.

Nunca apreciei a música do Jacksons 5, nem a que ele fez depois na sua carreira-solo. Comercial demais para o meu gosto de rockeiro apegado às origens bluesísticas.

Ademais, os malditos videoclips, de quem Jackson foi o rei, marcam a retomada do controle por parte da indústria cultural, depois de ter sido obrigada a submeter-se à explosão roqueira durante alguns anos gloriosos, entre o final dos '60 e o início dos '70.

Nunca esquecerei de Joe Cocker, depois de um animado passeio por São Paulo, entrando diretamente no palco, com a roupa que vestia. Para arrasar, com sua entrega incondicional à música.

Nunca esquecerei da a temporada do Cream em que os fulgurantes improvisos de Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker faziam com que, noite após noite, os números tivessem duração diferente.

Nunca esquecerei de Jimi Hendrix, com sua beleza selvagem, implodindo o hino estadunidense em Woodstock.

Os clips dos anos 70 significaram a substituição do talento bruto pela produção onerosa, da paixão pelo ensaio, da arte pelo espetáculo. E Michael Jackson acabou simbolizando essa domesticação.

Mas, seu destino como ser humano vitimado por essa engrenagem perversa sempre me inspirou compaixão. É triste vermos como um menino bonito, simpático e espontâneo, após receber o toque de Sadim (Midas às avessas) do sistema, tornou-se um adulto descaracterizado e sofredor.

Até sua cor quis negar, ao invés de orgulhar-se dela como o grande Muhammad Ali. Acabou ficando com imagem idêntica à dos vampiros mutantes de um clássico do terror, A Última Esperança da Terra (d. Boris Sagal, 1971), como se castigado pelos deuses.

Foi sugado, espremido e jogado fora. Aí a comoção causada por sua morte deu chance a um reaproveitamento do bagaço, para faturarem mais um pouquinho.

A indústria cultural é um dos componentes mais doentios e malignos do capitalismo putrefato. Casos como o de Michael Jackson dão uma dimensão total de sua capacidade de destruir seres humanos para saciar a curiosidade mórbida de seus públicos, movida pelo amoralismo do lucro.

(Texto original por Celso Lungaretti)

domingo, 28 de junho de 2009

Opção Alimentar e Animais de Estimação

Sou uma "quase" vegetariana, "quase" vegan. Não por convicção religiosa, moral ou filosófica, é muito mais uma questão de paladar e apetite. Embora, um dos motivos mais fortes de perder o apetite com um prato à base de carne seja a tristeza que me envolve ao pensar na morte daquele animal.

A maioria dos vegetarianos e vegans usa argumentos de elevado conteúdo moral e ético para dispensar o uso de produtos provenientes de animais (seja mamíferos, aves ou peixes), com os quais concordo, em parte. De fato, os animais - mormente o gado e outros animais criados para serem consumidos pelos humanos - sofrem muito para fornecer esses produtos, desde que nascem até a sua morte. Mas, não posso concordar com o argumento de "assassinato" desses animais como razão para não consumir os produtos derivados da sua morte.

Estamos no topo da cadeia alimentar, e como seres onívoros "adquirimos o direito" de consumir a carne, do mesmo modo que há outros animais carnívoros que morreriam se deixassem de comer carne de outros animais.

Amo todos os animais e gostaria de vê-los todos - carnívoros ou herbívoros - compartilhando o planeta em igualdade de direito e respeito que os humanos arrogam para si. E entre todos esse animais, em particular amo os meus animais de estimação. Atualmente só tenho uma gata, mas já tive dezenas de cães e gatos, todos recolhidos das ruas e muito bem cuidados desde então, e teria muitos novamente se não fossem as condições econômicas e de moradia que no momento me impedem de aumentar a família.

E quando falo em cuidados com esses animais de estimação (cães e gatos), o item mais básico é a sua alimentação. À base de ração, claro, pois nenhuma comida caseira supre todas as necessidades desses animais. E... essas rações são todas feitas com carne, obviamente! Mais precisamente, com as sobras provenientes dos abatedouros destinados ao consumo humano.

Alguns vegans e protetores de animais (claro, não todos!) falam da sua abstinência como parte da sua luta contra a crueldade da criação e do abate e esperam que a ausência de consumo force os poderes econômicos a desistirem da sua fonte de receita (criação ou pesca). Tento imaginar, então, como essas pessoas conciliam a alimentação adequada dos seus animais de estimação com a sua convicção. Ou, será que a sua abstinência pelo consumo de produtos de origem animal é realmente eficaz no combate à crueldade, se não se consegue evitar de alimentar os seus animais carnívoros com ração?...

Penso que a proteção animal deve promover a evitação de tratamentos cruéis, mas não a abolição total da criação e abate (ou pesca). E assim, essa promoção pelo bem-estar dos animais que nos servem com a sua morte não passa pela abolição da carne nas nossas mesas ou uso e consumo de produtos de origem animal, mas por outros movimentos que permitam a esses animais terem a vida e a morte com a dignidade que merecem. E esses, sim, são movimentos que devem ganhar força e sair às ruas, com a máxima urgência!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Chá contra gripe

Poizé... o tempo vai passando, a gente cheia de coisas para fazer, e com computador nas últimas, o acesso à internet vai sendo empurrado para daqui a pouco, amanhã, depois... até que algo nos derruba da rotina diária, a gente para, e se lembra das coisas que fazia quando "tinha tempo"...

O que me parou nestes dias foi uma gripe das bem bravas. Claro que não era a tal H1N1, mas derrubou todo mundo aqui em casa, com febre, coriza e tosses que não deixava ninguém dormir nem descansar apesar das dores no corpo todo!

Felizmente já estamos melhorando, e hoje me lembrei de compartilhar uma receitinha de chá caseiro que sempre nos ajuda e muito para combater essa virose que ataca a todos quando o inverno chega.


Ingredientes (para uma xícara):
- 1/2 dente de alho;
- 1 rodela grossa de cebola (uns 5-7 mm de espessura);
- 1/4 de maçã verde, com casca (ou vermelha, mas bem firme e ácida);
- cubo de 1 cm³ de gengibre tenro;
- 1 cravo da Índia;
- sumo de 1/4 de limão cravo médio ou taiti grande;
- 1 colher de sopa de mel;
- 5 gotas de própolis a 30%

Modo de fazer:
- Pique bem miudinho o alho, a cebola, a maçã e gengibre;
- Numa jarra, coloque todos os ingredientes sólidos e soque muito bem; ou bata tudo num processador;
- Ferva a água e verta 150 ml sobre a massa batida, e mantenha a infusão por 5 minutos, de preferência em banho-maria;
- Adicione o sumo de limão e mel e misture rapidamente;
- Coe o chá numa xícara grande pré-aquecida, acrescente as gotas de própolis e tome bem quente antes de deitar.

Observação: não é fácil encontrar extrato de própolis concentrado. Então, se usar solução diluída, aumente a quantidade, lembrando que própolis é uma resina e tende a grudar na beirada da xícara, porque é insolúvel em água. Assim, coloque o chá na xícara bem quente para mantê-lo "dissolvido" e tome antes que esfrie. (Alternativa é ingerir própolis à parte...)

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Ecos do passado

Há alguns anos atrás participei de um site literário onde publiquei alguns poemas, alguns contos e crônicas. Depois de um mês, interrompi a participação por um tempo e, quando tentei voltar, percebi que tinha esquecido a senha de acesso. Como sou meio volúvel e já havia arrumado outros afazeres, acabei "deixando pra lá" e esqueci o site e meus escritos.

Hoje, por uma coincidência, re-encontrei o site e, como visitante, acessei os meus escritos para perceber que a maioria deles não têm valor literário algum, de fato. Mas uma publicação me pareceu merecer a sua reprodução aqui, devido ao tema que continua polêmico e sem grandes soluções. Eis o texto:

Alcides

A imagem da fome, da miséria está aí, todo dia, em cada esquina, em cada jornal, em cada olhar de pesar e de medo dos amigos. Todo dia, toda semana, todo mês... entra ano, sai ano, e a miséria é a mesma, só muda de rosto e de lugar, se e quando mudam. A consternaçãotambém é a mesma... entra ano, sai ano, sempre se diz e ouve-se dizer "é uma vergonha, é uma pena", e nem a pena nem a vergonha se atenuam, só mudam de boca e ouvidos, mudam de idade e cidade, mas continuam as mesmas.

Acho que de todos os medos, o pior é o de sentirmos impotentes. Incapazes de mudar o que parece imutavelmente terrível na sua profundidade e dimensão. E aí? Se não é possível lutar, o melhor é se adaptar? Seria essa a resposta, consciente ou não, das pessoas? (Já ouviram um ditado horroroso que diz: "se o estupro é inevitável, relaxa e goza" ?) O que observo é que, de tanta enxurrada de imagens da miséria, nós ficamos um tanto calejados, insensíveis, e quando se torna inevitável encará-la de frente, muitas vezes a reação é de violência... verbal, ou até física às vezes, na tentativa de se livrar da evidência o mais rápido possível.

Há muitos, muitos anos atrás, eu estudava à noite numa escola e ali perto havia um lanchonete que se tornou o nosso "point" após a aula. Dez e meia da noite e lá estávamos, colegas e professores, numa roda animada de conversa de "alto nível" regada a chopp, batatinha frita, lanches. Havia um bando de crianças por ali... eram conhecidas como exímios batedores de carteiras, embora nós não soubéssemos disso. Alguns dias depois que nosso happy-hour se tornara um hábito, essas crianças resolveram se aproximar, pedindo dinheiro. Imediatamente, o dono do lanchonete chegou, expulsou-os dali a altos brados, e pediu-nos desculpas... Por que ele deveria pedir desculpas? "Ah, esses moleques são o terror daqui, uma praga pra nós, comerciantes. Eles roubam, assaltam, cheiram cola... um horror! Já chamamos polícia, FEBEM, mas eles fogem, e aparecem dias depois... não têm jeito"

Dito e feito, na noite seguinte, elas estavam lá outra vez, esmolando. Uma delas me puxou pela manga e disse: "tiaaa, me dá um trocado? tô com fome". Eu (que ingênua!) me virei e olhei nos seus olhos. "Tá com fome? posso te pagar um lanche, então, porque dinheiro não dou". O moleque abriu um enorme sorriso e me agradeceu: "tá, tia, brigado!" O dono do lugar já vinha com vassoura na mão pronto a bater no garoto e a expulsá-lo como de sempre, mas diante do nosso protesto voltou atrás e o garoto ficou. Só ele, os outros já haviam fugido dali. "Vê como se comporta, heim, moleque, nada de perturbar os fregueses!" o dono advertiu, mas se afastou. O garoto ficou ali, de pé, meio escondido atrás de mim, a sua protetora! O lanche pedido chegou, um professor, então, disse para o garoto puxar um banquinho para comer. Nós vimos, então, no rosto encimando um corpo franzino, coberto de roupa encardida e cabelo pastoso, um par de olhos brilhantes de alegria e orgulho por sentar-se à mesa de "gente importante"... Ali estava, emergindo de um rótulo, um pedaço de gente, um ser humano, uma criança com rosto, nome, sentimentos e memória.

"Qual o seu nome?"
"Alcides"
"Quantos anos você tem, Alcides?"
"Oito, tia"
"E o que faz aqui, tão tarde da noite, não tem casa?"
"Tenho, eu volto pra lá no último ônibus, ele passa daqui a pouco"
"Tem pai? mãe? não vai à escola?"
"Meu pai não mora com a gente, graças a deus, moro com minha mãe e meus irmãos"
"Por que fica na rua até tão tarde, então?"
"Tia... tá vendo aquele moleque alí, perto do poste? toma cuidado com ele, tá, tia, ele é perigoso..."
"Eu trabalho pra ele... ele já teve na febem, já espetou gente..."
"E se eu não trabalho, ele pode me machucar..."
"Depois, é sempre bom levar uns troquinhos pra casa também... às vezes eu levo leite e pão pros meus irmãos"

Foi assim que conheci Alcides. Ele passou a ser uma espécie de meu protegido, vinha todas as noites e ganhava um lanche, depois passou a ganhar também uns afagos, e por fim ganhou também colo. Ele parecia que jamais havia sentado no colo de alguém, agarrava a minha mão, levava-a ao seu rosto, queria que eu o apertasse, que o penteasse... Meus colegas me toleravam, achavam que eu era louca por permitir um fedelho abusar de mim. Alguns achavam que era ótimo que eu usasse o garoto para acalmar as minhas culpas sociais, mas me advertiam que, no final, eu nada fazia para melhorar o mundo, e que possivelmente eu fazia mais mal ao moleque do que bem.

A história de Alcides é a mesma de todas as crianças, eu acho. Filho de lar desfeito, vítima da miséria econômica e humana, crescera nas ruas e a troco de supostas amizades iniciou a sua carreira de batedor de carteira. E era um dos melhores no ofício, segundo ele. "Mas, olha, tia, eu sei o que não devo fazer, tá? nunca roubei velhos, nem gente pobre, nunca cheirei cola, nem fumei nada, eu sei que isso derrete os miolos, e eu não quero... um dia eu quero ser bombeiro... Aí, arrumo um bom barraco pra minha mãe e pros meus irmãos..."

Uns dois meses depois, o bando de Alcides subitamente desapareceu. Na correria entre provas e trabalhos, a turma do happy-hour havia diminuído de número e freqüência. Perguntei ao dono do lanchonete pelo bando, ao que ele respondeu que uma batida policial durante o dia havia dispersado o bando. "Graças a deus! moça, eu não queria te dizer, mas aqueles moleques são gente ruim! tem até um assassino no meio! sorte sua que ninguém te incomodou até agora, mas toma cuidado com essa gente!"

Algumas semanas depois, o bando reapareceu, sem o Alcides. Contrariando o conselho dado, resolvi abordar um deles que às vezes ganhava um lanche dos meus colegas, porque o meu protegido dizia que aquele moleque era boa gente. O amigo me contou que Alcides fora encaminhado ao FEBEM por determinação judicial, já que a mãe dele havia desaparecido e a avó se recusava ficar com o neto. Eu ofereci a ele o lanche que seria do Alcides. Ele agradeceu, comeu... e foi a última vez que vi esse bando de crianças.

Nunca mais vi ou tive notícias do Alcides. Onde estará ele agora?... Se vivo, ele teria hoje seus 23-24 anos, idade bastante para ser bombeiro. Tomara que meus colegas tivessem errado, que ele tenha conseguido se sair bem, apesar da impotência desta tia que não pôde ajudá-lo na sua infância.

(Publicado incialmente em 12/05/2006)

quinta-feira, 19 de março de 2009

E Obama deu o primeiro passo!

Obama quer um milhão de carros elétricos nos EUA até 2015

"O presidente americano, Barack Obama, anunciou nesta quinta-feira que disponibilizaria 2,4 bilhões de dólares para apoiar o desenvolvimento de automóveis elétricos, estabelecendo a meta de colocar um milhão de carros deste tipo nas ruas do país até 2015."

Falando em Pomona, na Califórnia, Obama anunciou também um crédito de 7.500 dólares para os americanos que decidirem adquirir um carro elétrico.

Dos 2,4 bilhões de dólares em subsídios destinados a companhias instaladas nos EUA, 1,5 bilhão serão utilizados na produção de baterias para estes veículos.

A intenção é reduzir a dependência americana no petróleo, criando milhares de empregos em um setor em expansão, explicou a Casa Branca.

"Colocaremos um milhão de veículos híbridos nas estradas americanas até 2015", afirmou Obama nesta quinta.

(Fonte: E-Jornal "Último Segundo" - 19/03/09 - 17:11 AFP)
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No início do ano, logo após a posse do presidente B. Obama, eu dizia do meu sonho de ver um presidente realmente comprometido com os rumos da civilização ocidental, incluindo-se aí a opção irregogável pela saúde do nosso planeta.

E é com incomum emoção que li a notícia acima reproduzida. Finalmente, um político de peso deu o seu primeiro passo para liderar a mudança da fonte energética, o primeiro passo para abolir o petróleo e outros combustíveis. Neste oceano de desalentos, sinto reacender uma remota esperança... Quem sabe, a humanidade dá finalmente o seu salto de qualidade, e inicia a construção de uma nova civilização a partir deste século...

Vida longa ao Presidente Obama! E que ele permaneça firme no caminho da reversão das expectativas catastróficas de até hoje!

Daqui a 20 anos...

Daqui a 20 anos, quantos anos você terá? A maioria estará ainda vivo, eu suponho e espero, e quem sabe até meu marido e eu.

Daqui a 20 anos, bebês que estão nascendo hoje estarão apenas chegando à idade de assumir suas responsabilidades como cidadãos, herdando o mundo que nós estamos hoje desenhando para eles.

Pois, olha só a previsão para daqui a 20 anos:

O aumento da população mundial e das demandas por água, energia e alimentos poderão provocar uma "catástrofe" em 2030, segundo previsões do principal conselheiro científico do governo britânico.

Segundo John Beddington, cientista britânico, com a população mundial estimada em 8,3 bilhões de pessoas em 2030, a demanda por alimentos e energia deve aumentar em 50%, e por água potável deve aumentar em 30%.

As mudanças climáticas devem piorar ainda mais a situação, vai advertir o cientista nesta quinta-feira, na conferência Desenvolvimento Sustentável RU 09, em Londres.

(...)

"Minha principal preocupação é com o que vai ocorrer internacionalmente, vai haver falta de alimentos e de água", prevê o cientista.(...) O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) prevê falta de água generalizada na África, Ásia e Europa até 2025. A quantia de água potável disponível por habitante deve diminuir dramaticamente neste período.

(...)

Melhorar globalmente a produtividade agrícola é uma forma de combater o problema, afirma Beddington. Atualmente, se perdem entre 30% e 40% de toda a produção, antes da colheita, por causa de pragas e doenças.

"Temos que procurar uma solução. Precisamos de mais plantas resistentes a pragas e doenças, e de melhores práticas agrícolas e de colheita", afirma Beddington.

(...)

De acordo com o cientista, também são essenciais melhorias na estocagem de água e fontes de energia mais limpas. John Beddington está a frente de um subgrupo de um novo departamento do governo criado para combater a segurança alimentar.

(Fonte: BBC Brasil - 19/03/09 07:53)

Pois bem... o que estamos fazendo hoje? É tão visível o efeito devastador da poluição e desmatamento que a humanidade tem causado ao longo da sua civilização (que se baseia na ganância imediata e egoísta), será que o povo ainda não percebe? Não é mais problema de um futuro distante, desvinculado de nossas ações e responsabilidades individuais, é o nosso próprio futuro e o futuro dos nossos filhos que estão em jogo.

Se qualquer questão "supérflua" já é motivo para iniciar uma guerra, quanto mais a FOME e a SEDE dos povos!

20 anos são apenas 5 governos, o atual presidente parece que se elegeu ontem e já caminha para o final do seu segundo mandato. Há a necessidade urgente de os políticos brasileiros (e do mundo inteiro, claro!) encararem com seriedade a questão e, deixando de lado a mesquinhez e o imediatismo, tomar HOJE as medidas de longo prazo para fazer frente à carestia generalizada que se avizinha e coloca em risco mortal a sobrevivência pacífica de toda a humanidade.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Novas regras da Fórmula 1

Soube hoje num blog que a Associação das Equipes de Fórmula 1 apresentou propostas de mudanças das regras da competição à Federação Internacional de Automoblismo - F.I.A. - visando minimizar o impacto da crise econômica sobre essa modalidade esportiva.

As corridas são apaixonantes. Eu adorava assistir às corridas, torcendo pelos pilotos brasileiros e admirando a sua audácia e perícia na direção dos veículos fantásticos... Porém, confesso que enquanto me divertia, esquecia-me do quanto esse esporte é alienante. No meu dia-a-dia batalhava em prol da rdução dos impactos ambientais que as indústrias causavam ao meio ambiente, e a cada quinzena me divertia vendo a liberação do gás carbônico e outros gases pelos canos do escapamento, sem me dar conta de que aquilo era também poluição, numa escandalosa contradição dos princípios. Mas desde a morte do Senna deixei de acompanhar, e o motivo principal foi que, com a morte do ídolo, percebi finalmente o papel devastador das corridas na sociedade e no meio ambiente.

As corridas de qualquer veículo motorizado, mas principalmente as de automóveis são uma das modalidades mais caras do esporte de competição (se não for a mais cara de todas) e consequentemente é uma das modalidades que mais movimenta o capital. A sua realização envolve tecnologia de ponta no desenvolvimento de todos os seus componentes e insumos, mão-de-obra altamente qualificada e cara... e também é um dos veículos de comunicação e marketing dos mais eficientes por envolver consumidores de maior poder aquisitivo de todo o mundo.

Não quero aqui entrar na questão do relacionamento capital-consumo, mas me ater na questão ambiental da prática das corridas como esporte, se é que podemos chamar de esporte uma prática que envolve muito mais a competição da engenharia do que disputa por mérito dos atletas (não que duvide das suas capacidades pessoais, mas mesmo sabendo das suas qualidades pessoais excepcionais na direção de bólides motorizados, tenho dúvidas quanto a chamar de atletas os pilotos da Fórmula 1...)

Sob ponto de vista do meio ambiente, percebo que entre todas as modalidades esportivas, esta tem sido a mais devastadora. A sua prática depende de, entre outros itens, um combustível de altíssima octanagem, lubrificação mecânica eficiente e pneus com alta aderência ao solo sem desperdício da potência do motor para vencer o atrito. Todos esses três insumos provêm do petróleo e consumido desde o seu refino, passando pelo desenvolvimento dos materiais intermediários em laboratórios até no seu uso final em veículos de competição durante o ano, entre testes, provas e a competição oficial. E o petróleo é o maior vilão do aquecimento global ao lado do carvão...

Por outro lado, duas crises sem precedentes assolam o mundo de hoje: o aquecimento global com previsões nada otimistas quanto à capacidade humana de conter as alterações climáticas (o que vai contribuir e muito para impactar a produção agrícola, com conseqüente fome mundial), e a crise econômico-financeira que já está fazendo milhares de vítimas ao redor do mundo e que promete piorar ainda mais, empobrecendo todos os países sem exceção.

A tentativa da Associação das Equipes de mudar as regras da competição adequando-as apenas à nova realidade econômica mundial me soa parcial e totalmente insatisfatória. Como sempre, as crises econômicas atingem antes de tudo os segmentos mais desfavorecidos da população mas logo em seguida a classe média, que é o maior responsável pelo consumo (o que sustenta o mundo capitalista). Com o empobrecimento da classe média, o consumo de modo geral cairá queiram ou não as classes mais abastadas, que gradualmente também serão atingidas.

E a indústria do entretenimento e seus patrocinadores serão um dos segmentos econômicos mais atingidos devido à incapacidade progressiva da população de continuar consumindo os seus produtos, de necessidade não-vital.

Nessa hora, penso que as escuderias foram infelizes ao deixar de lado uma mudança de atitude visando a salvação da modalidade mais a longo prazo. Falo da inclusão do prazo para adequar os motores para que esses utilizem fontes de energia alternativas, ecológicas, tornando a competição um evento menos danoso ao planeta. Essa adequação demandaria um contingente de pesquisadores e profissionais gerando novos empregos e conhecimento, além de provar a possibilidade de conciliar a necessidade imperiosa de salvar o planeta com a ideologia capitalista do consumo e laser. Mantenho ainda a esperança por um posicionamento da FIA no sentido de incluir essa alteração como parte da nova "regra do jogo" a médio e longo prazos.

(Se possível, sonharia também com um novo modelo econômico... que este capitalismo selvagem já causou todos os danos que podia e se esgotou.)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher: o que comemorar?

Próximo dia 08 de março é Dia Internacional da Mulher, data escolhida para relembrar o primeiro movimento reivindicatório das mulheres operárias pelas melhores condições de trabalho e remuneração. O ano era 1857, e o palco era a cidade de Nova Iorque - EUA, quando milhares de trabalhadoras saíram às ruas clamando por seus direitos. Em 1909 (exatos 100 anos atrás) a data foi escolhida para eternizar e relembrar a necessidade democrática da igualdade social e econômica entre mulheres e homens, trabalhadores de todo o mundo. Na década de 60 o movimento ganhou corpo efetivo, e em 1975 - ano escolhido como o Ano Inernacional da Mulher - a ONU passou a patrocinar a data.

Após excessos e exageros tanto das feministas como dos acuados homens, parece hoje que a mulher garantiu o seu espaço no mercado de trabalho e razoável respeito pela sua capacidade de contribuir com a sociedade nos mais diversos segmentos. Parece... mas, será que é essa a realidade?

Encontrei esta manhã, entre as manchetes de jornais virtuais, a seguinte notícia, que reproduzo abaixo na sua íntegra. O link para a manchete original é este.

"Brasil ocupa a pior colocação em ranking de diferenças salariais entre os sexos

por Marcia Bizzotto, de Bruxelas para Agência BBC Brasil

As mulheres brasileiras recebem, em média, salários 34% inferiores aos dos homens, a maior diferença registrada entre os 20 países pesquisados para um estudo divulgado nesta quinta-feira pela Confederação Sindical Internacional (CSI), com sede em Bruxelas.

O resultado no Brasil supera a média dos países pesquisados pela CSI, que é de 22% de diferença entre as remunerações entre homens e mulheres durante o ano de 2008.

Calculadas com base em entrevistas realizadas com 300 mil trabalhadores entre 16 e 44 anos de idade em 20 países - 35.152 deles brasileiros -, as estatísticas da CSI contradizem os números oficiais dos governos, segundo os quais as mulheres de todo o mundo ganhariam, em média, 16,5% a menos que os homens.

Segundo a CSI, depois do Brasil a África do Sul é o país com a maior diferença salarial, de 33%, seguida por México e Argentina, onde as mulheres recebem, respectivamente, remunerações 29,8% e 26,1% mais baixas que os homens.

Por outro lado, a Índia é o país onde as condições são menos díspares entre os pesquisados, com uma diferença salarial de 6,3%.

Grã-Bretanha, Dinamarca e Suécia vêm em seguida, com diferenças de 9%, 10,1% e 11%, respectivamente.

Múltiplas causas

Para Sharran Burrow, presidente da CSI, trata-se de um problema de múltiplas causas.

O estudo indica que, de forma geral, as mulheres com um "nível de qualificação superior" enfrentam as maiores diferenças salariais, o que poderia ser atribuído à discriminação no mercado de trabalho, evidente na "maneira como os empregadores concedem promoções aos postos mais altos e nas deficiências em relação à proteção à maternidade".

Segundo o relatório, o resultado também pode ser atribuído "ao fato de que um maior número de mulheres que de homens ocupa postos de trabalho de tempo parcial ou que exijam menor qualificação em relação ao seu nível de estudos (geralmente pior remunerados), porque tem que trabalhar e cuidar da família ao mesmo tempo".

Globalmente, entre 40% e 50% dos entrevistados disseram ter dificuldade para conciliar a vida profissional e familiar. Entre 43% e 57% dessas pessoas eram mulheres, enquanto entre 34% e 40% eram homens.

Isso também faz com que a diferença salarial aumente com a idade, já que "os cargos de alto nível estão relacionados à experiência e aos anos de trabalho", segundo o estudo.

"Os homens têm geralmente mais tempo de trabalho que as mulheres, porque elas geralmente assumem a maior parte das responsabilidades familiares", conclui a pesquisa.

A CSI engloba 312 sindicatos de 157 países, que representam juntos um total de 170 milhões de trabalhadores. "

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O que temos a comemorar nesta data que nos homenageia? Se de um lado são inegáveis as muitas conquistas que o feminismo trouxe à mais de metade da população mundial, percebe-se também claramente que há ainda muita luta pela frente para conseguirmos a verdadeira igualdade de direitos. O espaço conquistado no mercado de trabalho acabou trazendo consigo mais obrigações do que direitos às mulheres, uma vez que a maternidade é função exclusiva das mulheres, sem a contrapartida necessária da divisão de tarefas domésticas para as trabalhadoras, ainda mais nestes tempos em que a instituição familiar está sofrendo um desmonte das estruturas antes estabelecidas, com reflexos tanto no exercício da profissão em si como na educação e preparo das crianças para o exercício futuro da cidadania.

Sem dar as costas às conquistas já asseguradas, acredito que a data serve como um convite e chamamento imperioso para a reflexão de todos, homens e mulheres, sobre o papel de cada um neste mundo de rápida transformação.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Laser com proteção ambiental: Sonho?

Tenho estado longe deste blog, meio "ocupada" acompanhando o início da temporada 2009 de futebol.

Mas, enquanto acompanhava as partidas, uma idéia surgiu e se transformou em um sonho.

A idéia é aliar a proteção ambiental ao laser. O que estou "sonhando" é ver os estádios de futebol sendo auto-suficientes no consumo da energia. Os estádios de futebol têm uma área enorme, e mesmo considerando que muitos não têm cobertura ou apenas parcial, quando há cobertura ela tem uma superfície grande, cerca de 1.000m², se considerarmos apenas um dos laterais do campo. Que poderia receber os painéis com células fotovoltaicas captando a energia solar.

A idéia não é nada inovadora a nível mundial, mas nas terras brasileiras, só soube de um caso isolado - um show de rock, que aconteceu a céu aberto em Santa Catarina em 1998, e cuja experiência aparentemente não se repetiu... Gostaria de ver os poderes públicos constituídos - ou clubes que possuem a sua própria arena - comprando a idéia e instalando de forma permanente os painéis solares nos estádios, dando o exemplo para o povo no seu laser mais popular, o futebol.

Claro que para o pleno aproveitamento da energia solar, é necessário muito mais que painéis solares. Precisa de baterias, conversores, e outros equipamentos. E como prevenção contra a pane ou dias nublados, a rede pública ainda não pode ser descartada.

Suponhamos (estou, neste momento, com preguiça enorme de fazer levantamentos ou cálculos... sorry!) que: entre refletores de 2.000 watts cada, placar luminoso, cabines de imprensa e som, iluminação para o público, lanchonetes, bares e bilheterias, etc, o consumo geral fique em cerca de 90 kwh em cada jogo noturno realizado. Isso dá aproximadamente 300 m² de painéis, uma área muito menor que a cobertura da maioria dos estádios brasileiros. [Observação: Segundo "Greenpeace", cada metro quadrado de um painel pode gerar até 100 watts de potência; num dia com apenas 8 horas de luz solar, cada painel poderia, então, enviar à bateria 0,8 kw a ser armazenado. Sendo assim, o custo maior da instalação talvez fique por conta das baterias de armazenamento que precisam ter uma capacidade total mínima de 100 kw.]

Por outro lado, li algures que, para um consumo familiar de até 70 kwh ao mês, o custo do kit solar (fornecido pelo governo) é cerca de US$ 14,00 por residência. Apesar de a comparação ser uma temeridade (pois, para residências de classe média que buscam isoladamente essa fonte, o custo de instalação pula para cerca de U$ 30.000,00!), somente para efeito de visualização da ordem de grandeza dos valores envolvidos: em termos de kits residenciais subsidiados, a necessidade energética de uma partida de futebol - de 3 horas de duração, entre a chegada do público e a saída do último funcionário - equivale a algo em torno de 1.500 kits do tipo econômico, ou seja, um custo de investimento de US$ 210.000,00 ou R$ 500.000,00. Convenhamos, não é nenhum valor astronômico para uma iniciativa do poder público.

E ainda tem a seguinte vantagem: como durante a maior parte do tempo o estádio fica ocioso, o excedente de energia acumulada poderá ser desviado (mediante convênio com o fornecedor local de energia elétrica) para residências próximas ou para a iluminação das vias públicas, resultando numa boa economia para os cofres públicos e para o executor do projeto.

Observemos que se um clube buscar sozinho essa instalação, sem ajuda do poder público local, o custo poderá ser proibitivo para a maioria. Mas quem sabe, não tão impossível, pois há a possibilidade de redução do valor investido devido à economia de escala. Além disso, acredito que nenhuma prefeitura recusaria fazer o convênio com o clube ajudando na execução do projeto, pois é uma iniciativa de valor social e ambiental inestimáveis e que ganha cada vez maior apoio da própria população.

Bem, os números que expus aqui são estimativas extremamente grosseiras e sem valor algum em termos de um planejamento. A intenção deste post é apenas registrar um sonho meu, esperando que alguém tome isto a sério e faça os levantamentos mais consistentes para viabilizá-la.

Mas, tenho a mais absoluta certeza, a idéia não é nenhum bicho de sete cabeças, nem mirabolante. É totalmente exeqüível, economicamente viável, e de muitos retornos (diretos e indiretos) ao executor e ao meio ambiente.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Energia eólica: cadê as usinas brasileiras?

Hoje deu no jornal online "Último Segundo" a notícia que transcrevo abaixo:

"Energia eólica ganha força no mundo e os EUA lideram crescimento (02/02/2009 - 19:02 - AFP)

A capacidade mundial de geração de energia eólica aumentou 28,8%, em 2008, e os Estados Unidos se tornaram o país com maior potência instalada, de acordo com números do setor divulgados nesta segunda-feira.

O Global Wind Energy Council (GWEC) destaca que Estados Unidos e China registraram os maiores crescimentos na produção de energia eólica, ao final de 2008, ano em que a capacidade mundial de geração de eletricidade dessa fonte subiu para 120,8 gigawatts - energia suficiente para fazer 500 milhões de televisores funcionarem ao mesmo tempo.

"Os números falam por si: existe uma ampla e crescente demanda global de energia eólica, livre de emissões, que pode ser instalada rápida e virtualmente em qualquer parte do mundo", afirmou o secretário-geral do GWEC, Steve Sawyer.

"A energia eólica é a única tecnologia para geração de energia que pode conseguir a redução necessária de dióxido de carbono".

Os EUA contam com 8,35 gigawatts do novo aumento, elevando sua capacidade em 50% e superando a Alemanha como o maior produtor de energia eólica, com um total de 25,1 gigawatts, contra 23,9 gigawatts. O país europeu consegue obter, porém, um percentual maior de sua energia de origem eólica.

"A energia eólica é, com freqüência, a opção mais atraente para a geração de energia, tanto em termos econômicos, quanto no que se refere ao aumento da segurança energética, sem mencionar os benefícios para o desenvolvimento econômico e para o meio ambiente", disse o presidente de GWEC, Arthouros Zervos.

No ano passado, essa energia representou cerca de 42% da nova capacidade energética nos Estados Unidos e um terço na Ásia.

A China duplicou sua capacidade instalada, somando pelo menos 6,3 gigawatts e alcançando 12,2 gigawatts ao todo. Nesse ritmo, o gigante asiático está no caminho para superar Alemanha e Espanha e se tornar o segundo país em termos de capacidade de produção eólica, em 2010, completou o GWEC."

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Enquanto isso...

O consumo brasileiro atual de energia elétrica é cerca de 424 terawatts-hora por ano (TWh/ano), sendo que cerca de 90% do total produzido vem das usinas hidroelétricas. No entanto, o país tem condições de aumentar em mais dois terços (272 TWh/ano) a oferta de energia a partir da força dos ventos, que atualmente contribuem apenas com 1% da produção energética. No final de 2007 o Brasil possuía uma capacidade de produção de 247 megawatts, dos quais 208 megawatts foram instalados somente em 2006, sendo em grande parte utilizada no bombeamento de água para irrigação. (Fontes: Projeto Brasil e wikipédia)

Considerando que esgotamos a capacidade instalada de usinas hidroelétricas, considerando que a instalação de novas usinas significa destruição de enormes áreas florestais contribuindo ainda mais com o desmatamento e, considerando que a geração de energia termo-elétrica pela combustão do gás natural ou derivados de petróleo significa enorme emissão de CO2, um dos agentes do efeito estufa, eu gostaria de pedir ao governo brasileiro uma atitude eco-responsável por um desenvolvimento REALMENTE sustentável e economicamente viável.

Todas as formas de geração de energia elétrica até hoje empregadas têm custo econômico, ambiental e social elevadíssimos na sua instalação e são devastadoras, poluentes e ou perigosas (caso de usinas nucleares). Não está na hora da tomada de uma posição mais firme dos governantes optando pela energia limpa, como a eólica e solar? Desenvolvimento, sim! mas sem mais sacrifícios para o planeta! E, se isso serve de estímulo, aí está a notícia: até os EUA (e China também), tão relutantes com a sua participação no combate ao aquecimento global, estão dando o exemplo com a utilização da energia eólica! E vale lembrar, energia barata significa competitividade no mundo globalizado.

Gostaria imensamente que os políticos não atrelassem tanto as suas decisões aos apoios dos grupos econômicos estabelecidos que lhes garantem votos nas urnas. Mas gostaria mais ainda que o povo aprendesse a dar o seu voto aos políticos verdadeiramente comprometidos com o desenvolvimento sustentável da nação. Será pedir muito?...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Castração Gratuita em São Paulo!

Visito com freqüência (com trema, sim senhor! tentei abolir, mas me sinto mal escrevendo sem...) o excelente blog "Animais para Adoção", e hoje saiu lá uma notícia pra lá de interessante e oportuna.

É a Campanha de Castração Gratuita promovida pelo CCZ do município de São Paulo, SP. Cada cidadão pode castrar até 10 animais, mas precisa se cadastrar antes no CCZ e agendar as cirurgias nas clínicas credenciadas. No blog citado há dois números de telefone e endereço da clínica de uma veterinária credenciada pela prefeitura (Dra. Sheila C. Silva - Rua do Orfanato, 667 - tel: (011) 2667-1067 e 2667-1068, email: hottdog@uol.com.br).

Mas quem mora em outros bairros ou deseja obter mais informações, procure pelo CCZ diretamente.

Os telefones do CCZ de São Paulo:

(011) 2221-7645 - PLANTÃO 24h - todos os dias da semana

(011) 2221-0449 - Informação (de 2ª a 6ª entre 8:00 e 17:00)

PABX: (011) 2224-5500 <- este número pode estar com problemas, devido a chuvas, mas não custa tentar.

O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) está localizado na Rua Santa Eulália, 86, Santana, próximo à Estação Carandiru.

Segundo o site da prefeitura, para o cadastramento inicial não há necessidade de levar o animal, mas leve um documento de identidade e comprovante de endereço.

Se vc, leitor, mesmo não tendo nenhum pet, quiser aproveitar essa oportunidade, faça uma visita lá, e quem sabe, de repente, encontra o seu animalzinho de estimação esperando por você!

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Minimizando desperdício na cozinha

Gosto muito de legumes e hortaliças; apesar de não ser vegetariana, proteínas de origem animal são cada vez mais raras na minha mesa. Mas para substituir as proteínas de origem animal, tem-se que consumir mais vegetais com alto teor de nutrientes e variar bastante o cardápio para se ter uma alimentação balanceada.

Ao mesmo tempo, preocupo-me com o desperdício na hora de preparar uma refeição. O desperdício é tanto do material em si como dos próprios nutrientes que cada ingrediente tem. Sabe-se que nas frutas e legumes, as vitaminas e enzimas costumam concentrar-se entre a casca e a polpa, daí uma das coisas que tento diminuir ao máximo é o descarte das cascas.

Um dos legumes que utilizo bastante é a batata - tanto inglesa como a doce. Para as receitas que pedem que se cozinhe as batatas, eu dispensei o uso de panela e água desde que adquiri o forno de micro-ondas. Tenho uma "panela" (ou vasilha, se quiserem) de vidro com tampa de cerca de 20 cm de diâmetro onde cabem de 3 a 4 batatas médias inteiras. O que eu faço é lavá-las bem com escova e colocá-las inteiras, com casca e ainda úmidas, dentro dessa vasilha, fechar a tampa e regular o forno para 15 a 18 minutos em potência 3 a 4 (tudo depende da quantidade e tamanho das batatas). Após cozimento, dá para descascá-las tirando tão somente a película, e não perdi nenhum nutriente para água de cozimento, pois as batatas cozinham com a sua própria umidade. Mandioca também dá para cozinhar assim, mas terá de adicionar 1 a 2 colheres de sopa de água, porque essa raiz contém menos água que as batatas. O tempo de cozimento também aumenta um pouco, eu regulo para cerca de 20 minutos para minha panela cheia.

Outro truque é cozinhar os legumes no vapor. Tenho uma panela própria para isso, composta de dois compartimentos. Na parte inferior coloca-se a água; a parte superior tem fundo de tela metálica por onde passa o vapor, e se encaixa sobre a base. Mas, se for pouca quantidade, dá para improvisar usando-se a tampa de uma panela. Coloca-se os legumes na parte interna da tampa, forra-se com um pano de prato limpo, e encaixa-se a tampa na panela com bastante água e põe para ferver. Cozimento a vapor, além de manter todos os nutrientes nos ingredientes, tem a vantagem adicional de manter viva a cor original das hortaliças; vagem, quiabo, brócoli e outros legumes verdes ficam com o verde maravilhoso.

Cenouras e mandioquinhas, eu as descascava raspando a sua superfície com faca - o que já diminui bem a perda da polpa. Agora estou usando uma escova de cerda dura para lavá-las. As cascas saem esfoliadas e perde-se ainda menos.

Frutas eu procuro utilizá-las ou comê-las com casca. Maçãs, peras, uvas... aqui em casa elas são servidas ao natural ou utilizadas em receitas com casca mesmo. Claro que depois de muito bem lavadas, pois agrotóxicos podem estar contaminando a sua superfície. Mas algumas frutas não tem como comê-las com casca, é o caso de laranja, abacaxi, banana, melancia, melão... No entanto, as cascas dessas frutas dão ótimos doces e geléias, ou sucos e chás. A dica é sempre lavar todas as frutas muito bem antes de prepará-las, seja para levar à mesa ao natural, seja para usar a sua polpa em receitas, visando sempre aproveitar ao máximo os valores nutritivos das suas cascas.

Ao evitar o desperdício na cozinha estaremos:
  • melhorando a nossa nutrição com ganho em saúde;
  • economizando o nosso rico dinheirinho;
  • evitando poluir o meio ambiente ao reduzir o volume de lixo nos aterros e lixões que contaminam as águas subterrâneas e favorecem a proliferação de roedores e outros vetores de doenças;
  • ajudando o poder público que tem dificuldade de administrar a coleta e disposição adequadas do lixo, e lidar com epidemias e endemias provenientes de más condições de saneamento público.
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Novo presidente, e sonho de uma nova era

Obama é agora o novo presidente dos E.U.A. Sobre os seus ombros recai o peso de mil esperanças de todo o mundo, à espera de suas decisões que alterarão os rumos da civilização ocidental, neste momento cambaleante à beira do abismo.

A civilização ocidental tal como a conhecemos está agonizando. Para que ela não sucumba à estupidez humana como foram as outras que antecederam esta, há que evitar e já a colisão final da sua rota com a sua extinção.

O século XX foi o império dos motores de combustão. Toda a energia requerida para dar sustento à civilização saiu dos combustíveis, fósseis ou não, desde o alvorecer da própria humanidade, mas nunca como no século passado se abusou tanto da energia de combustão. Com isso, inauguramos o início do fim da nossa sobrevivência arrastando junto todo o planeta, através da devastação das florestas e emissão de particulados e gases - tóxicos, ácidos, fotoquímicos, e do efeito estufa.

Tenho um sonho, uma esperança que gostaria que Obama compartilhasse. Gostaria que o século XXI fosse o início da nova era, da energia não poluente. Não há necessidade de abrir-se mão da nossa civilização, mas para alterar o rumo da história está mais do que na hora de substituir definitivamente as fontes de energia, da destrutiva e poluente para limpa e economicamente viável, a nível global e irrevogável.

Se Obama for ousado, tiver visão e ambição de entrar na história, não apenas como primeiro negro presidente dos E.U.A. mas como um revolucionário salvador do planeta, ele poderia decretar o início da mudança. Poderia atrelar a liberação dos empréstimos para as indústrias automobilísticas ao compromisso de em 10 anos substituir a produção dos veículos movidos a combustíveis por outros baseados na tecnologia limpa. Não importar mais produtos oriundos de países poluentes, ou produtos produzidos com uso da queima de combustíveis... Incentivar e financiar todos os programas de obtenção barata de energia solar, eólica e de outras formas, em todos os países; influir no BID e Banco Mundial relativamente aos empréstimos a países em desenvolvimento para facilitar o ingresso dos mesmos nessa era da nova energia bem como inibir a continuidade do uso de combustíveis de qualquer natureza.

Na década dos anos 60, em função da Guerra Fria, os E.U.A. colocaram o primeiro homem na Lua, mesmo tendo gastos exorbitantes com a guerra do Vietnam (talvez por isso mesmo... para desviar a atenção) Provou-se assim que se uma nação como E.U.A. quiser (firme vontade política), ela consegue esta outra façanha, a de substituir a fonte da energia para toda a humanidade (embora, de quebra, possa deslocar também o equilíbrio do poder mais um pouco, já que os países produtores de petróleo - países muçulmanos e de oposição à civilização capitalista ocidental - deixarão de nadar em petrodólares). Longe de desejar a pauperização das nações árabes (ou mesmo dos países da América Latina, produtores desse combustível fóssil) mas em nome da salvação do planeta, acho que tudo é válido. E esses países poderão encontrar outras formas de comércio, pois a produção de novas fontes de energia demandarão outros suprimentos.

E, "como o Sol nasce para todos", esta fonte de energia é a mais democrática forma de distribuir riqueza de produção para todas as nações. Enxergo a alternativa como o advento, inclusive, de uma nova consciência humana sobre a fraternidade e cooperação que tanta falta faz ao mundo de hoje.

Espero não estar delirando. Espero que, muito antes de uma idiota como eu começar a sonhar, os assessores do Obama tenham estado planejando essa mudança. Mas para esta velha sem expressão, só cabe sonhar e esperar.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Violência Global

Não me lembro de um início de ano tão deprimente como este, e o pior de tudo é que nada indica que teremos alguma melhora. O Ano Novo começou no ano anterior, com a quebra da Bolsa de Valores dos E.U.A. o que gerou prognóstico nada otimista do desempenho econômico mundial daqui para frente, sucessão de catástrofes naturais devassando cidades e ceifando vidas (o que já vem acontecendo, e de forma cada vez mais frequente). Os efeitos do aquecimento global começa a dar claros sinais de que o homem subestimou as consequências da emissão de poluentes (quer dizer, teremos muito menos tempo para adotar medidas para reverter a situação - se é que conseguiremos...), e mesmo assim há potências que regateiam políticas de contenção dessas emissões, preferindo se omitir ou comprando créditos de carbono de quem economiza a emissão. Ou ainda, sob alegação de manter os empregos e atividade econômica nas mesmas bases do neoliberalismo obsoleto, liberam empréstimos a indústrias automobilísticas cujo produto é a principal fonte do agente do aquecimento global (gás carbônico), não importa se movido à base de petróleo ou biocombustíveis. E para coroar o ano que se findava, em dezembro, Israel se aproveita do vácuo de poder dos E.U.A. à espera da transmissão do cargo presidencial, deflagrando uma carnificina sem tamanho contra civis na Faixa de Gaza...

O pior é que essa onda de violência e políticas imorais ao redor do mundo parece estar acontecendo a metros da nossa casa, devido ao progresso da informação. O que, ao meu ver, acaba muitas vezes "contaminando" a mentalidade de quem recebe as notícias. Num telejornal de grande audiência, mais de 70% do tempo (às vezes até mais... eu cronometrei por uma semana) é ocupado com notícias de violência (guerra, acidentes, homicídios e outros crimes) e ou das iniquidades políticas. E excesso de estímulo costuma dessensibilizar, isso é amplamente conhecido e usado nas terapias do comportamento. Pois, excesso de exposição aos fatos e cenas de violência deve influir no descaso com que pessoas reagem à dor alheia, e facilitar a sua própria reação violenta diante de frustrações desde as graves até as mais banais...

Violência gera violência, e nem precisa ser a própria vítima, basta ser informado. Se até o Prêmio Máximo da Paz é outorgado aos homens que praticaram atos mais violentos e criminosos contra civis inocentes, o que podemos dizer ao homem comum?...

Será que a humanidade jamais aprenderá a respeitar o seu próprio habitat, a sua própria família - humana e seus irmãos da natureza?

Na revista online "Superinteressante" encontrei um antigo artigo (de outubro de 2001) assinado por Denis Russo Burgierman intitulado "Existe Terrorismo Bom?" cujo teor veio de encontro a muitos fragmentos de pensamento que venho tendo nestes dias. Abaixo reproduzo passagens que lembram fatos históricos que não devemos jamais esquecer, e que sintetizam os meus pensamentos. O texto na sua íntegra pode ser lido aqui.

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Existe Terrorismo Bom?

"Violência contra civis é uma tática horrível. Mas será que, no fundo, você não simpatiza com ela?

Rolihlahla criou uma milícia em seu país, apesar da oposição dos companheiros, que condenavam a violência. Ele vestiu-se com trajes militares, escondeu-se com seus homens na mata e distribuiu armas. Seu grupo começou a explodir bombas, sabotar fábricas, atirar em guardas desprevenidos e espalhar o pavor entre a população civil. Rolihlahla incitava a violência contra membros da elite e muita gente acabou sendo assassinada na onda de atentados que se seguiu. Até que prenderam Rolihlahla.

Sujeito horrível esse Rolihlahla, não é? Terrorista da pior espécie, não há dúvida. Por sorte, ele foi condenado à prisão perpétua. Aliás, talvez você já tenha ouvido falar dele. Ele é mais conhecido pelo nome inglês que adotou depois do batismo cristão: Nelson. Nelson Mandela (...)

Em 1993, Mandela pendurou no pescoço a medalha dourada do Prêmio Nobel da Paz. Mas espera aí, um Nobel da Paz para um terrorista? Pode? Claro que pode. Mandela não foi nem o primeiro nem o único terrorista agraciado com o prêmio mais importante do mundo. Também há diplomas da Fundação Nobel nas salas de estar de Menachem Begin e de Yasser Arafat. [nota: ambos hoje falecidos...]

Begin e Arafat têm trajetórias bastante parecidas – ambos dedicaram a juventude à luta pela criação de um Estado para o seu povo. Ambos explodiram bombas, mataram uma porção de civis e espalharam pânico. Ambos conseguiram chamar a atenção da comunidade internacional para suas causas graças à violência e acabaram escolhidos líderes de seus povos depois de abandonarem o terrorismo.

Por fim, ambos foram agraciados com o Nobel da Paz por conseguirem uma trégua no conflito que ajudaram a começar (...)

Begin, Arafat e Mandela não demonstram nenhum arrependimento pelos atos violentos cometidos no passado. Os três garantem que foram forçados a chegar a esses extremos por uma boa causa. Muito bem. Poucas causas são tão "justas" quanto a defesa da natureza. Ninguém que não seja muito inconseqüente ou politicamente incorreto é a favor da extinção de animais, por exemplo. Isso quer dizer que todo tipo de atentado pode ser cometido em nome dessa causa?

A ONG Sea Shepherd, por exemplo, costuma arremessar sua traineira contra baleeiros em alto-mar. Já afundou oito deles e não pretende parar. Sua tática é terrorista – espalha pânico entre os caçadores de baleias para fazê-los desistir da atividade. A Sea Shepherd nunca machucou ninguém durante os ataques, mas Paul Watson, seu fundador, em entrevista à Super, publicada em novembro de 2000, disse com todas as letras que não hesitaria em matar alguém se fosse absolutamente necessário para salvar uma baleia. "A sobrevivência da espécie é anterior aos direitos do indivíduo", afirmou (...)

"Sou totalmente a favor das causas ecológicas", afirma o sociólogo Gabriel Cohn, da Universidade de São Paulo. "Mas seja qual for a causa, ela não será vencida com violência. Se o McDonald’s tem um valor simbólico para os manifestantes ecológicos ou antiglobalização, é justo que alguém faça um protesto simbólico, com faixas ou pixações, por exemplo. No momento em que se fazem ataques reais, ameaçando vidas humanas, os manifestantes se colocam no mesmo nível dos celerados que derrubaram o World Trade Center", diz.

O historiador das religiões Philip Jenkins, da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, outro estudioso da violência, tem opinião parecida. "Nenhuma causa é boa o suficiente para justificar a morte de inocentes", diz. Jenkins estabelece um limite claro para separar as lutas legítimas do terrorismo condenável. Se civis têm suas vidas ou sua propriedade ameaçada, então o ato foi longe demais (...)

Pelo mesmo critério, também, a atuação dos Estados Unidos durante a Guerra Fria – apoiando o terrorismo de Estado na América Latina, financiando grupos terroristas de oposição em países comunistas como Camboja e Angola, e fortalecendo extremistas que viriam a se tornar terroristas, como o próprio bin Laden, no Afeganistão – é completamente condenável. Tal política foi conduzida pelo secretário de Estado Henry Kissinger (que, dias após o atentado de Nova York, afirmou que "tão culpados quanto os terroristas são aqueles que os apóiam, financiam e inspiram"). "Kissinger é o terrorista-mor", diz Cohn. Pois bem. O terrorista-mor, assim como Mandela, Begin e Arafat, também ganhou seu Nobel da Paz – em 1973, pelo fim da Guerra do Vietnã.

Será que isso quer dizer que, no mundo real, por mais condenável que seja, a violência é muitas vezes o único caminho contra um inimigo mais forte? Com certeza não. A história tem alguns exemplos de pessoas que se recusaram a matar inocentes em nome de uma causa. É o caso de Mahatma Gandhi, herói da independência indiana, que pregava a resistência pacífica aos colonizadores ingleses. (...)

Ao contrário dos terroristas Arafat, Begin, Kissinger e Mandela, Gandhi jamais ganhou o Nobel da Paz."

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E pelo andar da carruagem, muitos terroristas (declarados, ou travestidos de chefes de Estados) ainda serão premiados, e nenhum candidato para suceder Gandhi na luta pacífica pelos direitos humanos e da Natureza.

[nota: negritos são por minha conta]



quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Descuido / Abandono de Animais

Zanzando pela net, tenho percebido um aumento na quantidade de anúncios e postagens relatando casos de animais encontrados. Na sua maioria são animais relativamente bem cuidados, deduzindo-se daí que eles já pertenceram a alguém e, de duas uma, ou foram perdidos ou foram abandonados. De qualquer modo, é muito triste ver o descaso dos humanos com os seus animais de "estimação". Que estima é essa que permite que seus amiguinhos se percam, ou pior, abandonam-nos à sua própria sorte?

Animais não são seres inanimados que não se importam se o dono o acarinha ou desdenha, se super-alimenta ou os deixa morrer de inanição ou doença... São seres vivos dotados de sentimentos, emoções e todos os instintos básicos de VIDA. Sentem fome, sede, frio e dor, sentem amor, alegria, felicidade, mas também sofrem - e muito! - com a solidão, desamor, abandono... Têm depressão, ira, frustração; há muitos que morrem de tristeza!

Animais são, guardadas as devidas proporções, como um filho ou um membro da família; pouca gente (mas, acho que até tem...) abandonaria um filho seu só porque está se mudando para uma casa menor, perdeu emprego ou está saindo de férias e não encontrou um hotelzinho barato para hospedar uma criança... Se é para cuidar apenas enquanto for interessante, e depois abandonar porque se tornou inconveniente, seria melhor não ter animais, já que assim não iria engrossar a fileira da imensa população humana "desumana" que mancham as suas mãos com sangue de tortura e morte desses inocentes animais abandonados pelos donos.

Parece contraditório dizer "não tenha animais" quando se sabe que há milhares de animais sem dono precisando de cuidados e amor. Mas se é para dar-lhes conforto apenas "enquanto puderem" para depois fazê-los sofrer em dobro (porque conheceram o que acreditaram ser amor para depois perder...), deixe-os para alguém que faz o possível e o impossível para dar-lhes "no mínimo o mínimo", não importa a época do ano, se está empregado ou com outros problemas... Ao menos, com os protetores eles estarão a salvo da crueldade humana!

Vamos ser RESPONSÁVEIS pelos nossos atos!!!
Pensem BEM e SERIAMENTE antes de adquirir um animal.


Links:

Abaixo listo alguns links que visito com freqüência e ou gosto bastante por trazerem informações sempre úteis, críticas e conscientes.

- Cidadania, Política e Consciência Crítica:
. Congresso em Foco: O dia-a-dia do nosso Congresso Nacional;
. Observatório da Imprensa: Olhar crítico sobre a mídia
. Transparência Brasil: Política e políticos sob lente de aumento;
. Deu no Jornal: Banco de dados da corrupção no Brasil;
. Opinião e Notícias: Um jornalismo alternativo, de orientação liberal;
. Montbläat: Um jornalismo independente na net;
. Alberto Dines: Opinião deste isuperável jornalista em blog;
. Escritos Infames: blog do Teócrito Abritta, ambientalista, fotógrafo e escritor;
. Náufrago da Utopia: blog do jornalista Celso Lungaretti, ex-guerrilheiro dos anos de ditadura e eterno combatente das injustiças sociais;
. Humberto Laudares: blog muito lúcido sobre política e economia;
. Direitos Fundamentais: blog do George Marmelstein Lima, focando principalmente a filosofia do direito;

E as leis que devem fazer parte do nosso dia-a-dia:
. Código de Defesa do Consumidor: Lei Federal 8.078;
. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei Federal 8.069
. Estatuto do Idoso: Lei Federal 10.741;
. Lei de Crimes Ambientais: Lei Federal 9.605 (atenção para o artigo 32 que estabelece pena de detenção e multa para maltrato de animais!).

- Meio Ambiente:
. SOS Mata Atlântica: ONG com ações concretas e eficientes para salvar a Mata Atlântica;
. Greenpeace Brasil: ONG bastante atuante na defesa do meio ambiente e animais em perigo de extinção (embora meio fanática e agressiva...);
. Planeta Sustentável: portal de Abril e seus patrocinadores, com artigos e dicas para exercício de cidadania ecologicamente sustável;
. Envolverde: muito bom portal sobre meio ambiente e consciência verde;
. Portal das Energias Renováveis: tudo sobre o mundo da energia;
. Sustentabilidade: ambientalismo focado como negócio.

- Animais de Estimação e Proteção Animal:
. Saúde Animal: bastante útil para começar a entender os nossos animais de estimação e cuidá-los bem (cães, gatos, ferrets, aquarismo, etc);
. ANDA: Agência de Notícias de Direitos Animais - e-jornal em defesa dos animais;
. PEA (Projeto Esperança Animal): OSCIP com site bem detalhado sobre proteção animal e campanhas em todo o território nacional, sediada na Grande São Paulo;
. Beco dos Gatos: tudo sobre gatos, esse fantástico mas injustiçado animal de estimação;
. Gatos do Rio: mais informações sobre gatos, e adoção responsável dos gatos do Rio de Janeiro.
. Adote Um Gatinho: ONG semelhante a Gatos do Rio, porém sediada em São Paulo, SP.

- Culinária:
. Livro de Receitas: um dos sites com maior quantidade de receitas que já vi, para todos os gostos;
. Guia Vegano: receitas, ecologia e proteção animal - tudo num lugar só!
. Receitas Vegan: boas receitas para quem não pretende consumir proteína animal;
. Receita Passo a Passo: blog do Beto, um chef tão caprichoso nos seus posts que é impossível vc errar seguindo as suas receitas, simples mas super saborosas;
. Cantinho Vegetariano: blog da Elaine, onde se encontram excelentes e maravilhosas alternativas culinárias para quem precisa ou deseja deixar de comer carne e derivados.

- Laser, Entretenimento, Conhecimentos Gerais:
. AMG: o mais completo banco de dados sobre música (praticamente todos os estilos internacionalmente conhecidos) - em inglês;
. IMDB: tudo sobre o mundo de cinema - em inglês;
. Observatório: blog de astronomia, com belas fotos do mapa celeste;
. National Geographic: dispensa apresentação; este é original - em inglês;
. SuperInteressante: versão online da revista do mesmo nome;
. É Triste Viver de Humor: blog do Marcelo de Andrade, com charges de humor;
. Terceira Via Verdão: site mantido por torcedores do Palmeiras; eu não sou palmeirense, mas há excelentes artigos sobre o mundo do futebol;
. Futebol & Negócio: blog de vários colaboradores, focando o futebol como indústria do entretenimento.