domingo, 28 de dezembro de 2008

Considerações necessárias antes de adotar um animal

Há um blog que gosto de visitar: é o Animais para Adoção - SP onde a responsável publica anúncios de animais - principalmente cães, mas alguns gatos também - sendo doados para adoção. Eu não estou à procura de nenhum animal, mas visito o blog quando quero ler sobre dicas de cuidado e conselhos. Hoje foi publicado lá uma alerta sobre os cuidados que se deve tomar quando se resolve adotar um animal de estimação. A alerta é muito válida e oportuna, então resolvi reproduzir aqui. O artigo original está aqui. No texto reproduzido abaixo, incluí algumas observações em itálico.

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ANIMAL NÃO É BRINQUEDO - SENTE TRISTEZA, FRIO, DOR E MEDO


Você está preparado para adotar um animal? Para fazer uma adoção consciente e não se arrepender depois, refllita sobre os seguintes pontos:

  • Cães e gatos vivem 15 anos em média. Você tem condições de assumir essa responsabilidade ao longo desse tempo?

  • Se você sair de férias ou viajar no feriadão, quem vai cuidar do seu amigão?

  • Assim como você, os animais também não gostam da solidão. Ter um animal para trancá-lo na lavanderia ou deixá-lo sozinho em casa o dia todo não é uma atitude correta. Ou o animal pode conviver com a família ou é melhor não tê-lo.

  • Animais que vivem confinados em pequenos espaços ou presos em correntes podem sofrer (cães, principalmente; gatos, hamsters e outros sofrem menos) graves distúrbios de comportamento, desconforto, atrofia óssea ou muscular, obesidade e depressão.

  • Crianças NÃO podem ser as responsáveis pelos animais. Se seu filho quer um bicho mas você não gosta, não tem tempo nem paciência para cuidar, então é melhor não adotar.

  • As pessoas da sua casa gostam de animais? Todos concordam que você leve um cão ou gato para casa?

  • A convenção do seu prédio permite a entrada e a circulação de animais?

  • Animais precisam ter um espaço próprio, como uma casinha ou caminha, onde se sintam seguros.

  • Animais (cães) precisam ter a oportunidade de brincar ao ar livre e de conviver com outros de sua espécie. (Gatos sentem menos necessidades mas serão mais felizes e menos estressados se tiverem companhia de outros da sua espécie.)

  • Os cães necessitam de pelo menos um bom passeio por dia. Utilize sempre coleira e guia para evitar que seu animal fuja, seja atropelado ou brigue com outros cães.

  • Animais precisam de carinho, alimentação de boa qualidade, cuidados de higiene, vermífugos, vacinas anuais e cuidados veterinários.

  • Quando os animais ficam idosos, precisam de amor e cuidados redobrados. Você está disposto a amar e a cuidar de seu amiguinho por todos os dias da vida dele? Tem condições econômicas e disposição para gastar com veterinários e remédios?

  • Animais não são bichinhos de pelúcia. Eles têm personalidade, fazem bagunça, sujeira e nem sempre estão de bom humor ou dispostos a brincar.

  • Animais sofrem profundamente com a rejeição e o abandono.

  • O abandono de animais é crime previsto pela Lei Federal 9.605/98. Descuido também é considerado maltrato, e maus tratos são igualmente crimes previstos na mesma lei.

Gata doente

A minha gata está doente. O que será que ela tem? A própria vet está tentando adivinhar, só com sintomas não dá para saber que doença acomete a minha gata. Por enquanto, está tomando soro e estimulante de apetite. E amanhã fará exame de ultrassom.

A minha gata era de uma saúde invejável, nunca havia ficado doente em toda a vida, por 8 anos. Quase nunca vomitava, nem mesmo bolas de pelo, e era até gorda, pesava mais de 5 kg. Comia somente a ração da sua preferência, nunca demonstrou interesse na comida humana, nem mesmo carne. As únicas vezes que ia ao vet era para tomar as vacinas (quádrupla sempre - a quíntupla é perigosa, e tripla não a protege o suficiente, na minha opinião) e fazer um check up, sempre atestando saúde excelente. Nem mesmo vermes ela apresentava, só sendo vermifugada por "prevenção".

Mas, aos 7 anos ela começou apresentando diarréia intermitente. Começou no inverno de 2005, mas passou assim que o frio acabou. Passou-se um ano e ela voltou a ter diarréia no inverno de 2006, que também acabou quando o tempo melhorou. Achamos que era somente a friagem, e ela passou a dormir na cama, com a gente. Então, ela voltou a ter diarréia em pleno verão, em janeiro de 2007. Foi para vet, fez exame de fezes e como não acusou nada, tomou metronidazol, com o que a diarréia cessou. Mas ela começou a emagrecer, e a rejeitar a sua ração. Miava pedindo comida, mas a ração ficava intocada. Meu marido achava que era "frescura", que um animal com fome haveria de comer o que tivesse, e foi contra levá-la ao vet. Eu comecei a aquecer a ração na frigideira, e essa ela aceitava bem, então achei que a ração era velha e havia perdido a crocância. Mas, aí vi que ela estava ficando magra demais. Resolvemos levá-la à única vet da cidade especializada em gatos. No check up ela foi pesada: 3,200kg! Fez uma bateria de exames e verificou-se que o seu pâncreas estava inchado. Entrou em tratamento intensivo, com internação por uma semana, soro e antibióticos diários. Mas, então, a vet viajou, deixando nas mãos dos estagiários o cuidado da minha gata. Uma noite, após tomar injeções e receber comprimidos de remédios, a minha gata vomitou toda a medicação e comida, entrou no seu igloo e não saiu mais. Não quis mais comer nem beber, nem ao banheiro ia. No segundo dia, telefonei desesperada para um outro vet, que lhe deu soro e modificou a medicação. Ela reagiu, e parecia melhorar. Mas, quando a vet voltou da viagem, ela voltou com as medicações anteriores e pediu novamente a internação. Mudou a ração e chegou a aplicar até 5 tipos de antibiótico de uma vez. De todo modo, a minha gata foi devagarzinho melhorando, a diarréia cedeu aos poucos, e recuperou o peso até 3,800kg. Pâncreas voltou ao tamanho normal depois de 6 meses de tratamento. Recebeu a alta em janeiro de 2008, isto é, há exatamente um ano.

De lá para cá, a minha gata voltou a engordar um pouco, passou dos 4kg, embora nunca mais fosse a mesma gata ativa e alegre. Ficou bem mais indolente, parou de brincar como antes mas parecia saudável. Passou sem diarréia neste último inverno, embora as fezes ficassem pastosas vez ou outra.

Mas neste Natal ela voltou a parecer doente. Desde novembro vem emagrecendo, embora comesse razoavelmente bem. Começou a vomitar com frequência, e para diminuir o vômito passou a receber Malt Paste quase todo dia, que não fez muito efeito. Daí, na semana do Natal ela parou de comer a sua "comidinha gostosa", parou de pedir comida. Na véspera de Natal, ela simplesmente parou de comer e de beber água. Seu pelo ficou eriçado (sempre que ela se sente mal, o seu pelo fica eriçado...), deixou de se enrolar para dormir, ficando de cócoras com expressão de dor.

Foi para vet anteontem (dia 26), e voltou a receber Cobavital, um estimulante de apetite para humanos, além da injeção "preventiva" de antibiótico, vitaminas e soro. Voltou cambaleando da clínica, continuou sem comer. Ontem voltou à clínica para outra dose de soro e Cobavital, e recebeu uma injeção de anti-inflamatório na perna traseira direita. Voltou para casa sem movimento nessa perna, acusando muita dor. Quando lhe dei um pouco de frango desfiado ela comeu mas pouco depois vomitou tudo.

Estou muito preocupada com a sua saúde, quero muito que ela reaja positivamente ao tratamento. Neste momento, ela está num dos seus lugares preferidos (sobre o aparelho de videocassete) dormitando. Hoje ela aceitou ser abraçada (ontem, não queria saber de ser tocada) mas está um tanto letárgica...

Gostaria muito de encontrar um outro vet especializado em gatos, essa vet atual não me parece muito confiável... mas até hoje não achei nenhum outro melhor que ela!

Abri um novo blog, especial, para acompanhar a evolução da saúde da minha gata. Tomara que ela nos ofereça muitos assuntos bons e engraçados para mantê-lo no ar por muitos anos mais, afinal ela só tem 10 anos.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Cardápio deste Natal

Faz tempo que "não preparo nada" para o Natal, mas este ano foi diferente. Estou quebrada, meu marido detesta culinária não-convencional e, ainda por cima, parou de ingerir álcool. Mas, e por isso mesmo, resolvi usar as sobras da geladeira para a ceia. É que havia meia dúzia de latinhas de cerveja que estavam no congelador desde que ele parou de beber já faz alguns meses. Também havia dois peitos de frango e algumas laranjas. Assim, "inventei" de fazer um frango na cerveja ao molho de laranja, e apesar da minha incerteza inicial, ficou bom o suficiente para arrancar elogios do maridão!

O cardápio da ceia ficou assim:
- Frango na cerveja ao molho de laranja;
- Arroz de milho;
- Batatas coradas;
- Salada de legumes com molho vinagrete;
- Salada de frutas frescas (abacaxi, maçã e creme de banana)

Uma refeição que poderia ser preparada em qualquer ocasião, mas que deu um tom de festa devido à baixela especial e decoração dos pratos... FELIZ NATAL!

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Frango na cerveja ao molho de laranja:

- 2 peitos de frango com osso mas sem pele (450g)
- 1/2 cebola média cortada em cubos pequenos;
- raspa de 1/2 limão taiti;
- 1/3 colher (chá) de alho moído pronto (deve equivaler a 1 dente);
- 3 colheres (sopa) de azeite;
- 2 latas de cerveja;
- sal e pimenta-do-reino
Para o molho:
- 5 laranjas bahia (4 para 250ml de suco, 1 para gomos; e 1 colher de sopa de raspa da casca);
- 1 colher (sopa) rasa de açúcar (ou mel);
- 5 folhas de hortelã;
- 1 colher (sopa) rasa de amido

De véspera, limpei os peitos de frango, retirando toda a pele e gorduras; coloquei numa travessa funda esfregando sal, pimenta e raspas de limão, misturei com a cebola picada e alho, e deixei marinando. 1,5 horas antes da ceia (22:30), separei o frango de toda a cebola e alho, aqueci o azeite numa caçarola grande, refoguei a cebola separada, retirei e dourei o frango no mesmo azeite; devolvi a cebola, adicionei a cerveja e assim que levantou a fervura diminuí a chama deixando em cocção por uma hora, revirando o frango a cada 10 minutos.

Após frango ficar bem cozido (1 hora, em fogo baixo), retirei a carne e no molho que sobrou adicionei o suco de laranja, 1 colher de raspa da casca, os gomos partidos ao meio, folhas de hortelã batidinhas, e açúcar (teria colocado mel, se tivesse...); esperei levantar fervura, retirando a espuma com escumadeira. Adicionei o amido dissolvido em 1/2 xícara de água (poderia ter deixado evaporar até reduzir, mas como não havia tempo apelei para amido), deixei engrossar, e despejei sobre o frango, decorando com algumas folhas de hortelã. Ficou pronto, junto com o resto do cardápio, 10 minutos antes da meia-noite!

Arroz com milho:

- 1 xícara de arroz lavado e escorrido;
- 2 xícaras de caldo de legumes;
- 1 sachet de caldo de galinha
- 1/2 lata de milho verde;
- 1 colher (sopa) de cebola batidinha;
- 1 colher (sopa) de manteiga;
- sal;
- 2 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado;
- raminhos de salsinha e algumas azeitonas pretas para decorar.

Sem segredos... Aquecer o caldo de legumes, dissolvendo o sachet de caldo de galinha; fritar a cebola na manteiga, adicionar arroz fritando bem; adicionar o caldo fervendo e milho, acertar o sal, e deixar cozinhando em fogo baixo até secar. Na travessa, sobre o arroz polvilhei o queijo parmesão ralado e decorei com algumas folhas de salsinha e azeitonas. O caldo de legumes eu já tinha (é feito com 1 litro de água e uns 300 a 400g de partes não aproveitadas de legumes usados diariamente: talos de salsinha, parte dura de repolho e couve flor, folhas de brócolis... casca e folhas de cenoura, beterraba e outros legumes, etc, juntamente com uma cebola picada e sal; depois de uma hora cozinhando, coo o caldo e pronto) e nesse caldo dissolvi um sachet de caldo de galinha e deixei ferver.

Salada de legumes:
- 2 cenouras cortada em palitos de cerca de 5cm de comprimento;
- 200g de vagem;
- 6 rabanetes pequenos cortados em flor;
- sumo de 1/2 limão taiti;
- folhas de alface e rúcula
para molho vinagrete (quantidade para vários pratos...):
- 2 tomates para salada sem pele e sem sementes, cortado em cubos de 5mm;
- 1 pimentão vermelho pequeno picado em cubos de 1mm;
- 1 pimentão verde pequeno picado em cubos de 1mm;
- 1/4 talo de salsão (só a parte branca) picado em cubos de 1mm;
- 1 xícara de salsinha batida;
- 1/4 cebola média em cubinhos de 1mm;
- 1/2 xícara de vinagre de maçã;
- 1/4 xícara de azeite;
- sal

De véspera, preparei o molho vinagrete, picando e adicionando todos os ingredientes numa vasilha, misturando muito bem. (A quantidade resultante é muito mais do que usei na ceia; o molho restante vai servir para outros pratos) Enquanto o frango estava em cocção, aferventei a cenoura e vagem, separadamente, em água com sal até ficar al dente; depois de cozido retirei os pedúnculos da vagem e cortei ao meio para ficar do mesmo tamanho da cenoura. Arrumei numa saladeira rasa e redonda as folhas de alface e rúcula e sobre esse leito arrumei a cenoura e vagem em forma de estrela de 12 pontas (ou relógio); coloquei as metades de rabanete cortada em forma de flor entre os dois legumes no lugar das horas do relógio. Pinguei sumo de limão taiti sobre os legumes, e por fim espalhei o molho em círculo e fiz um montinho no centro. Ficou colorido e muito bonito.

Salada de frutas (p/ duas pessoas):

- 2 fatias de abacaxi, sem o miolo central;
- 2 fatias de abacaxi em cubos de 2cm;
- 2 maçãs pequenas em cubos de 2cm;
- 1 banana bem madura picada;
- 1/2 lata de creme de leite sem soro;
- 1 pitada de canela em pó;
- 1 colher de sopa de açúcar

Bati no liquidificador a banana com creme de leite, canela e açúcar; arrumei uma rodela de abacaxi no centro de um prato, sobre ela coloquei o abacaxi e maçã em cubos e reguei cobrindo toda fruta com o creme batido com banana e canela. Se tivesse na dispensa, teria decorado com uma cereja (ou morango) o topo do montinho de frutas. O sabor ficou bem interessante.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Engenheiro e Economista

Ouvi (ou li, não me lembro) esta piada há alguns anos atrás, e na ocasião, ri demais, principalmente porque a minha profissão estava sendo caricaturada.

Vamos ver se me lembro bem...

"Um engenheiro resolveu praticar balonismo. Desenhou a engenhoca, montou e lá foi ele num lindo balão a la Corel Draw, muito feliz, apreciando a paisagem. Mas, de repente, percebeu que estava perdido, esquecera da bússola e não havia mapas com referências visuais... Então, lá embaixo, ele avistou um homem andando numa estrada. Baixou o balão até uma altura compatível para conversação e gritou:
'Olá, camarada! Pode me dizer onde estou?'
O homem na estrada olhou para cima, ponderou e respondeu:
'Bem, vc está num cesto de 1 metro de diâmetro preso a um balão a uns 50 metros de altura...'
O engenheiro, irritado, disse: 'Eu sei disso! o que eu queria era saber que lugar é este, e o que tem lá na frente, não percebeu?! Pela resposta, vc deve ser um economista'.
O pedestre olhou surpreso e perguntou: 'Sim, sou economista. Mas como é que vc adivinhou?'
'Muito fácil. Vc descreveu com precisão o meu veículo, mas não quis entender o espírito da minha indagação principal. Vcs economistas sabem descrever muito bem uma situação econômica, mas sempre se esquivam de dizer aonde essa situação vai nos levar, que é o que interessa a todos saber!'
'Hm, muito perspicaz! e vc deve ser um engenheiro, não?
'De fato, sou! como vc soube?'
'Elementar, meu caro. Vc está num balão espetacular, uma obra prima... mas não sabe onde está, e muito menos para onde vai. Vcs engenheiros gastam o melhor da tecnologia para inventar coisas de utilidade duvidosa, para depois recrutar os economistas e esperam que nós adivinhemos para que serve a sua invenção. E, se a gente não souber a resposta, a culpa do fracasso é sempre nossa, nunca de vcs..."

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Escolinha de futebol: esboço inicial de um projeto

Estou pensando nas várias hipóteses de ação para "salvar" um clube de futebol. Visto que um clube virtualmente falido não consegue empréstimos no mercado financeiro e dificilmente consegue patrocinadores de peso, e visto que a sua marca não tem valor quase nenhum no mercado local e muito menos em todo o território nacional, comecei a pensar nos clubes desde o seu objetivo fundamental enquanto uma "empresa".

Uma empresa inserida no mundo capitalista, qual é o seu objetivo? É angariar lucro, vendendo o seu produto. No caso de um clube de futebol, o seu produto imediato é o entretenimento dos espectadores das suas partidas. Mas só a renda da bilheteria não fecha a contabilidade, isso é fato. Os clubes vendem uma mercadoria cujos custos de produção superam e muito o faturamento que os espetáculos proporcionam. Mesmo os clubes com as finanças em dia, e tendo projeção nacional ou até internacional, não conseguem equilíbrio financeiro, só o alcançando com negociações bem sucedidas dos passes dos seus jogadores. Esses clubes precisam, então, de fontes de suprimento de novos jogadores para repor os que são vendidos. Para um clube deficitário ou pre-falimentar, a realidade é a mesma, não muda. Para almejar alcançar uma posição ao menos estável no mercado do entretenimento, esses clubes têm que manter um plantel competitivo. Como conseguir essa proeza?

Os clubes grandes possuem a divisão de Categoria de Base forte, onde os meninos são treinados com todas as assistências (psicológicas, educacionais, nutricionais...) além do salário, o que demanda uma verba fabulosa para sua manutenção. Mas, eles podem, têm cacife, muitos deles têm parceiros que arcam com todas as despesas... E clubes pequenos, que não têm cacife nem parceiros?

Não sei se se aplica o meu seguinte raciocínio a todos os clubes pequenos... mas, se um clube possui um mínimo de infra-estrutura, a saída para a montagem de uma Categoria de Base que ainda não existe, seria a montagem de uma Escolinha de Futebol bem organizada primeiro.

Uma Escolinha é um empreendimento à parte, onde (espera-se!) a renda provém das mensalidades pagas pelos pais dos alunos. Na maioria das cidades, a Secretaria de Esportes (ou de Integração Social, ou do Bem Estar do Menor, ou quaisquer outras secretarias congêneres da prefeitura) costuma também ajudar esses projetos de alcance social. Se bem planejada, essa Escolinha pode ser a fonte dos jogadores juvenis para a Categoria de Base que, por sua vez, será a fonte de jogadores profissionais para o clube e, quem sabe, ser ainda fonte de lucro para todo o clube se algum jogador revelado fosse vendido para clubes maiores.

Do que é que necessita uma Escolinha para ser montada? Começa pelo campo de treinamento provido de vestiário. Que atenda a todos os alunos com idades entre 11 e 16 anos (muitas escolinhas começam com meninos de idades ainda menores...) Talvez seja necessário também uma cantina onde esses meninos possam receber o seu lanche e descansar. Suprimento de uniformes "baratos" que os pais possam comprar para seus filhos. Estou pensando numa Escolinha local, mas se o projeto crescer, haverá a necessidade de alojamento e contrato com escolas regulares que dêem prioridade de matrícula para os meninos de fora. Um escritório equipado para atender todos os trabalhos de secretaria e marketing. Uma sala de aula. E enventualmente um veículo com motorista para transporte dos meninos, caso o campo esteja localizado num lugar de difícil acesso.

A nível de pessoal, haverá a necessidade de um diretor/gerente, um assessor de marketing e comunicação, uma ou duas secretárias, dois ou mais treinadores e um ou mais serviços gerais.

Considerando que a maioria dos meninos que buscam matrícula numa escola de futebol povém de lares pobres, a escola dificilmente poderia contar com o pagamento satisfatório de mensalidades. As despesas deverão contar com a verba do município para serem honradas. Mas vamos supor que esse clube não reúna condições para fazer jus ao auxílio do poder público. Então alguém teria de abrir essa "escola-empresa" para iniciar os trabalhos. Quanto de capital esse alguém teria de dispor para começar? e quanto tempo para que a contabilidade feche no equilíbrio? Pois essa pessoa não poderia almejar ter lucro imediato com esse empreendimento, embora deva ser ressarcida de todo o capital investido.

Entretanto, com CNPJ próprio e razão social desvinculada do clube, a escola, mesmo que seja uma entidade sem fins lucrativos, poderá um dia gerar "lucro".

Vamos fazer outro exercício de levantamento de despesas... (A propósito, cometi erros cavalares na previsão anterior. Um clube de futebol profissional da 1ª divisão tem muito mais pessoas envolvidas e gasta muuuito mais do que eu previ!)

Digamos que o clube entre com o campo de treinamento, vestiário e cantina, além do espaço para a montagem do escritório e local para guarda de materiais, além da cessão de alguma sala para reuniões, entrevistas e palestras.

De material, a escola precisa de:

- 1 veículo para transporte dos alunos (van, micro-ônibus ou ônibus);
- 3 computadores em rede; uma impressora muiti-funcional; softwares para administração;
- móveis;
- telefone;
- acesso a internet;
- bolas (pode-se usar as usadas pela equipe profissional, mais bolas nº 4...);
- outros materiais de treinamento (cones, varas, etc...)
- uniformes em estoque;

(Esqueci de mais alguma coisa?...)

De despesas mensais:

Folha de pagamento:
- 1 assessor de marketing e comunicação (poderia ser um estagiário?...)
- 1 secretária "faz-tudo"
- 1 motorista
- 2 treinadores
- 1 ou 2 serviços gerais

Logística:
- combustível
- contas de telefone e internet
- manutenção do veículo e dos equipamentos de informática

Despesas administrativas:
- material de escritório
- contador
- taxas e impostos
- contas de luz, telefone, etc
- gráficas

...

Tentando imaginar o dia-a-dia dessa escola, vejo que uma van talvez não seja suficiente. Um clube pode oferecer um campo de treinamento, mas esse campo nem sempre estará disponível para a escolinha. Daí será necessário a cada dia levar as turmas para outros campos disponíveis. Aqui na minha cidade, a prefeitura possui vários campos espalhados em todos os bairros, mas suponho que eles devam ter um calendário de ocupação bastante cheio. Lembrando que uma escola tem turmas de idades diversas e que não dá para misturar um garoto de 11 anos com jovem de 16; e considerando que cada criança vai para a escola regular num horário diferente (alguns vão de manhã com a tarde livre, outros vão à tarde, com a manhã livre), serão várias turmas de idades diferentes em ambos os períodos do dia... Vamos ver como fica:

2 Turmas de 11 e 12 anos: aulas às 2ª e 5ª (1 pela manhã, outra à tarde)
2 Turmas de 13 e 14 anos: aulas às 3ª e 6ª (1 pela manhã, outra à tarde)
2 Turmas de 15 e 16 anos: aulas às 2ª, 4ª e 6ª (1 pela manhã, outra à tarde)

2ªs feiras: haverá duas aulas pela manhã e duas à tarde (turmas de 11-12 anos e as de 15-16 anos)
3ª, 4ª e 5ªs feiras: uma aula por período (turmas de 13-14 anos às 3ª, de 15-16 anos às 4ªs, e de 11-12 anos às 5ªs feiras)
6ªs feiras: duas aulas pela manhã e duas à tarde (turmas de 13-14 anos e de 15-16 anos)

E, aos sábados, torneios... ou palestras para todos.

Se uma aula tiver 1,5 horas de duração, e estimando-se em mais 1,5 horas o tempo de translado de cada turma, às 2as. e às 6as feiras o dia será extremamente corrido tanto para os treinadores como para o motorista... (ah, e esse motorista tem que ter licença para dirigir veículos escolares!) Hm... e será que essa quantidade de aulas é suficiente?

Acredito que os treinadores devem ser especializados nas respectivas faixas etárias, principalmente o treinador do sub 17, que esse tem a responsabilidade de preparar os meninos para a categoria de base. Eventualmente, o treinador sub 15 possa assumir as turmas sub 13 também... aí, seriam dois treinadores. Será que treinador de goleiros é necessário para uma escolinha?...

Enquanto as turmas treinam, o motorista e um serviços-gerais podem usar o tempo para fazer compras, principalmente o lanche da turma que, nos dias em que vão para campos fora do clube, podem ser consumidos nesses locais.

O serviço do escritório também será bastante "pesado"... Há a necessidade de, antes de tudo, elaborar o calendário dos campos onde treinar, mediante acordos com a prefeitura e o próprio clube. (Pensando agora, acho que a turma dos 15-16 anos deveria treinar preferencialmente no clube, onde eles podem usar a sala de ginástica e iniciar o contato com o mundo do futebol profissional). Há que manter em dia o cadastro dos alunos com seu desempenho, perfil psicológico, etc e pagamento das mensalidades e ou aquisição de bolsas-incentivo, o calendário de torneios promovidos pela prefeitura e outras entidades, controlar o estoque dos uniformes e providenciar os lanches de todos os alunos, fazer a contabilidade e escriturar o fluxo de caixa, planejar e executar campanhas de marketing da escola, buscar parceiros e patrocinadores...

Vamos tentar imaginar agora quantos alunos uma cidade ofereceria a uma escolinha. A minha cidade tem cerca de 600 mil habitantes. Considerando-se que a população de baixa renda esteja em torno de 20%, são 120 mil habitantes pobres, ou, cerca de 30 mil famílias sobrevivendo com renda inferior a 3 salários mínimos. Talvez haja outros 30 mil lares com renda um pouco melhor, digamos até 6 salários mínimos, com possibilidade de pagar a mensalidade escolar. Vamos chutar que 10% desses lares tenham filhos entre 11 e 16 anos com vontade de jogar futebol. Serão 3 mil meninos sem condições de pagar a escola e mais 3 mil com alguma possibilidade de pagar. Hm... se essa matemática precária estiver dentro da realidade, pelo menos a ocupação da escolinha é um sucesso desde já! Vamos admitir que tenhamos um ônibus ao invés de van para transporte desses meninos. Nesse caso, podemos absorver de 30 a 40 alunos por turma, ou seja, duas turmas de cada faixa etária dão 180 a 240 alunos no total. Se metade desses alunos pagarem a mensalidade, serão cerca de 100 mensalidades garantidas. Mas... não se pode cobrar um valor muito elevado, ou ninguém se matriculará. Coloquemos um valor simbólico, 20 reais. Isso não paga o salário do treinador! Melhor colocar o valor mais elevado, e implantar um sistema de bolsa-incentivo para os alunos que se destacarem. A propósito, quanto será que a prefeitura oferece de ajuda para uma escolinha de futebol?... Uma academia de ginástica, com aprelhagem para musculação apenas, costuma cobrar uma mensalidade entre 40 e 60 reais num bairro de classe operária. Vamos começar com o valor-teto, 60,00. E admitamos que 30% dos alunos consiga pagar. Serão 3.600,00 por mês. Outros 30% poderiam pagar metade? e se outros 30% possam pagar 10,00 e 10% não consiga pagar nada, seriam mais 2.400,00. Ainda é totalmente insuficiente...

Tentando estimar o custo...

Treinador: 2.000,00 cada? Nesse caso, serão 4.000,00 com 2 treinadores;
Secretária: 1.300,00
Assessor de marketing e comunicação (admitindo-se que vamos usar um estagiário): 700,00 meio-período
Serviços Gerais (um só...): 700,00
Motorista: 1.000,00
Subtotal folha de pagamento: 7.700,00
Encargos trabalhistas (80%): 6.160,00
Total custo com pessoal: 13.860,00

Para cobrir somente o custo do pessoal, haveria necessidade de que 100% dos alunos paguem 80,00 de mensalidade, ou ter 700 alunos todos pagando 20,00. Ambas as hipóteses são totalmente irreais para esse projeto inicial.

Pior é que a Lei de Incentivo ao Esporte do governo federal exclui o futebol, por ser um esporte profissionalizado. Mesmo sendo uma escolinha, é na prática muito difícil de obter a verba diretamente do Ministério do Esporte e Cultura, ainda mais se a escolinha mantiver algum vínculo com um clube profssional... Resta o apoio do governo local e esperar que ele atenda as reivindicações de uma escolinha que tem como missão "principal" tirar os jovens da rua e dar-lhes um preparo para a vida adulta, seja no futebol, seja em outras áreas.

Gostaria muito de incluir nesse projeto mais dois profissionais... Um professor de Educação Física (AAAHHH!!! mas, ele pode ser o próprio treinador! aliás, acredito que uma escolinha deve ter um Responsável Pedagógico uma vez que lida com crianças e adolescentes. Pronto, essa questão já está resolvida. Nossos treinadores serão graduados em Ed. Física com especialização em futebol! rsrsrs) e um psicólogo de adolescentes. E, se fosse possível, um nutricionista e um assistente social, esses para dar apoio às famílias dos jovens com orientação na alimentação barata e sadia e solução de problemas que normalmente prejudicam a motivação e costume dos jovens. E um convênio médico-odontológico também seria muito oportuno, para detectar os possíveis problemas de saúde dos pequenos atletas em formação.

Enfim... mais um delírio que desperta à dura realidade.

Adendo: encontrei um site interessante (Cooperatia de Fitness - Seção Futebol), com várias perguntas e respostas sobre o futebol. O site é http://www.cdof.com.br/futebol16.htm e em particular, há algumas perguntas específicas, para futuras consultas:
- sobre preparação física de jovens atletas com resposta dando uma série de links: http://www.cdof.com.br/consult130.htm#2068
- como administrar uma escolinha: http://www.cdof.com.br/consult191.htm#3415
- artigo sobre a realidade dos clubes pequenos: http://www.cdof.com.br/futebol20.htm

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Os limites do politicamente correto

Estava pensando na hipocrisia humana e no pensamento fragmentário que caracteriza a sociedade moderna. Daí, encontrei o artigo com o título acima, e o achei extremamente feliz na sua colocação (leia-se indignação) enfocando justamente uma questão de muito interesse e preocupação meus (meio ambiente) e descrevendo tão bem o que eu penso, que resolvi transcrevê-lo na sua íntegra.

O artigo foi escrito por Teócrito Abritta em 9/12/2008, e publicado no site do Observatório da Imprensa > Caderno da Cidadania.


"
Fui à "V Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária", realizada no Rio de Janeiro, de 26 a 30 de novembro, pelo Incra e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Esta feira teve o apoio do estado e da prefeitura do Rio de Janeiro, sendo patrocinada por grandes empresas e organizações como Petrobras, Eletrobrás, BNDES, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Sebrae.

Neste evento, tudo estava indo às mil maravilhas, com agricultores, apicultores, artesãos e outros trabalhadores rurais vindos dos quatro cantos do Brasil, apresentando seus produtos, sempre com a preocupação da sustentabilidade ambiental, até que deparei com crimes contra a natureza sendo praticados à luz do dia. Foi como se a feira de Caxias – sempre tolerada pelas autoridades – tivesse sido transplantada para a Marina da Glória, em pleno Rio de Janeiro, com a exposição e venda de pássaros torturados. Em um dos estandes desta feira de agricultura estavam sendo vendidos dezenas de cocares feitos com penas de arara azul, uma ave silvestre em perigo de extinção (ver Projeto Arara Azul).

Pistolagem científica e cultural

Este crime ambiental era praticado pela Associação Indígena Terena, de Peixoto de Azevedo (MT). Nos estandes do estado de Alagoas também eram comercializados objetos feitos com penas de pássaros, o que é proibido por lei. O mais grave é que estava presente uma das maiores lideranças indígenas nacional – que divide a ocupação de cargos públicos em Brasília com uma suposta representação dos povos da floresta – que justificava o crime ambiental em nome de uma "indenização social", dentro daquele espírito malufista de "estupra, mas não mata", o que aqui não se aplicava, pois em geral as aves são mortas de imediato para não atrapalhar a coleta de suas penas debatendo-se de desespero e dor.

Compareceram a esse evento também os ministros do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e do Meio Ambiente, Carlos Minc, o que configura um crime de irresponsabilidade por fecharem os olhos às agressões praticadas contra a indefesa fauna silvestre brasileira.

O incrível disto tudo é que a venda de restos de animais em extinção não merecesse uma linha sequer, nem na grande imprensa, nem na imprensa alternativa, contando também com o silêncio de representantes de ONGs ambientalistas que presenciaram este fato. Os populares que protestavam eram ameaçados de agressão pelos expositores ilegais e advertidos por truculentos seguranças que seriam expulsos se não "circulassem".

O desinteresse da grande imprensa com o meio ambiente é compreensível, já que, como diário-oficial do governo, tem dado apoio irrestrito aos grupos da base de sustentação de Lula, que são recompensados com a "licença para desmatar".

Mas a omissão de certas ONGs ambientalistas cheira a certa "pistolagem científica e cultural", parodiando aquela autoridade sabichona que adooora aparecer na imprensa.

Teoria do bom selvagem

Para combater a destruição ambiental no Brasil, é necessário praticar um ambientalismo de resultado, dando os "nomes aos bois". O governo Lula sempre acobertou a rotina de crimes ambientais com uma política de marketing usando certas personalidades bem relacionadas internacionalmente, como Marina Silva – que sobrevive até hoje à custa do assassinato de Chico Mendes – e agora Carlos Minc, que faz a falsa fachada preservacionista de Lula. A eles, tudo é permitido. Diante do desmatamento desenfreado, somente na Amazônia, com o desaparecimento em um ano de uma área florestal de quase 12.000 km2, equivalente a uma área de mais de dez cidades no Rio de Janeiro, Minc apenas afirma, sem qualquer questionamento: "A taxa de derrubada ficou milímetros acima do ano anterior" (sic).

Para Marina Silva, tudo sempre foi tolerado, ainda mais agora que aspira ao governo do Acre e não pode desagradar ninguém com discursos na tribuna do Senado. Depois de passar mais de cinco anos encenando um bla-bla-blá preservacionista, mais de 100.000 km2 de floresta desapareceriam nas mãos dos aliados de Lula. Hoje em dia, como senadora, prefere passar o tempo pregando o criacionismo ou fazendo poesias de gosto duvidoso.

No fundo, esta omissão criminosa daqueles que deveriam estar "esperneando", vem daquelas "fraquezas humanas", como ocupar um carguinho público, ou, quem sabe, uma "colocação" para aquele filho inepto? Criticar quem é bem articulado, também pode arruinar aquele convite para uma palestra em um congresso internacional, com passagens e estadia totalmente pagas. Criticar comportamento de indígenas? De jeito nenhum, pois está além dos limites do estabelecido para o politicamente correto e, afinal de contas, os europeus adoram a teoria do bom selvagem e as suas lideranças bem nutridas, bem vestidas, ostentando em seus pulsos vistosos Rolex, enquanto a "massa indígena" perde a sua cultura, não conhece mais a sua própria língua e definha fisicamente.

É... Parece que muita coisa precisa mudar neste imenso Brasil..."

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Cozinha econômica (ou... ecológica)

Como disse num post anterior, sou extremamente "mão-de-vaca", odeio desperdícios. Apesar de meus conhecimentos na culinária serem menos que "quase-nada", gosto de inventar algumas coisinhas para evitar ter de jogar fora o que costuma ir pra lata de lixo. Assim, economizo para mim e espero ajudar um pouco a natureza também.

Uma dessas invenções (que não deve ser novidade para ninguém...) é o caldo de legumes que sempre faço pois uso muitos legumes e hortaliças. Simplesmente junto todas as cascas (exceção é cebola e alho... essas cascas já não tem nenhum valor nutritivo), talos e folhas não aproveitados, e cozinho na água (cerca de 5 a 6 vezes o volume dos vegetais) e pouco sal (ca. 1,5 colheres de café) numa panela de pressão, por no mínimo 20 minutos em fogo baixo depois que ferve. Depois bato tudo no liquidificador e coo o líquido que, se não é usado na hora, vai para o congelador em potes de margarina (outra economia, rs). O que sobra na peneira acaba indo pro lixo mesmo, mas então, o seu volume é bem mais reduzido, e é quase só celulose. (Se morasse numa casa com quintal, iria para lá como adubo, como faz miha mãe). Na minha geladeira, tenho um recipiente onde vou guardando essas sobras de vegetais, e a cada 3 dias (é o tempo máximo que estipulei para guardar essas sobras) faço esse caldo que, então, substitui água para cozinhar muitos alimentos, ou servir de base líquida para algum molho ou sopa. E, cada caldo leva uma etiqueta antes de ser congelado para não confundir o sabor e não afetar o visual de um prato na hora de usar. (Não gostaria de ter um brócolis arroxeado devido à presença de beterraba, ou ter o gosto de manjericão "matando" o aroma de alecrim, né)

Outra é "furikake". No Japão, faz-se esse tempero seco para dar sabor ao arroz que lá é sempre cozido sem nada além de água. Eu mantenho esse costume, e acabo usando o meu furikake também no arroz à guiza de um lanche rápido ou almoço, caso tenha arroz de véspera e preguiça de cozinhar sobrando. Mas, devido aos ingredientes, é uma mistura bastante nutritiva. O meu furikake usa as partes não aproveitadas de peixe do mar (nunca fiz isso com peixes de água doce...), sementes de gergelim, "nori" (alga em folha) e algumas folhas de verdura, desidratadas. Eu sempre compro peixes inteiros pois saem bem mais baratos (com exceção de atum e cação, claro, que são peixes enormes - desses, utilizo o seu couro, caso a posta venha com ele). Ao limpar o peixe, separo numa tigela a barrigada e espinhos (com carne entre eles) e base das barbatanas. Só descarto mesmo a cabeça. as escamas e pontas das barbatanas. Coloco esse "resto" de peixe no liquidificador e trituro muito bem (se tiver alecrim fresco, coloco uma quantidade generosa junto; é para diminuir o cheiro durante a fase seguinte). Em uma assadeira de bom tamanho espalho essa pasta numa camada fina, cubro muito bem com papel-alumínio (isso é para manter o forno o mais limpo possível...) com bastante furos feitos com palito para saída de vapor, e asso em forno preaquecido à temperatura moderada a quente (não tenho termômetro, mas deve ser cerca de 200ºC). Quando o peixe se apresentar bastante seco, retiro o papel (a mais ou menos 20 minutos), misturo rapidamente com hashi (famosos palitinhos para comer e cozinhar) para afofar e soltar o peixe do fundo, abaixo a potência para, hm... digamos 170ºC, e continuo assando e mexendo de vez em quando por mais uns 30 minutos ou até que todo peixe fique bem crocante e soltinho. Deixo esfriar bem. Na hora de juntar os ingredientes, torro numa frigideira uma colher rasa de chá (ou um pouco mais, dependendo da quantidade de peixe) de gergelim (preto, mas também dá para misturar partes iguais de sementes pretas e brancas) sem óleo, e em seguida um punhado de folhas já desidratadas (é para deixá-las bem crocantes) também sem óleo. Passo sobre a chama do fogão uma folha de nori, também para ficar bem seca e crocante. Coloco o peixe num recipiente largo e esfarelo os eventuais grumos com uma colher (se encontro algum espinho grande, quebro com a colher ou descarto), esmigalho sobre ele as folhas secas e nori com o dedo, acrescento gergelim torrado e mais ou menos 1/2 colher de chá de sal marinho. Muitas vezes adiciono também um pouco de pimenta calabreza seca, sem as sementes. E, voilà, tenho furikake adaptado à minha moda, rs! Guardo esse tempero numa latinha bem fechada, e o seu prazo de validade é cerca de 6 meses (eu tenho consumido em bem menos tempo que isso, kkk)

As folhas desidratadas são história à parte. Sempre que uso algum vegetal com folha, e conforme o que tenho na dispensa, separo algumas folhas (de aipo, manjericão, rúcula, cenoura, beterraba...) e coloco-as para secar. A operação tem que ser nos dias de bastante sol, sem muita umidade no ar e sem vento forte, embora brisa seja ótima para acelerar o processo. Apesar de morar em apartamento, eu tenho a felicidade de ter uma sacada onde bate bastante sol pela manhã. É onde penduro um cesto de bambu com as folhas, bem separadas entre si, e coberto com tule (o cesto é recolhido todo final de tarde e reposto pela manhã). As folhas demandam um a três dias para ficarem completamente ressequidas, quebradiças. Aí as guardo em latinhas bem fechadas com um saquinho de cal virgem para manter fora a umidade. Uso essas folhas como parte do tempero para muitos pratos, como frango, sopa, peixes... e furikake.

Observação: dá para fazer um excelente furikake com peixe inteiro como cavalinha e sardinha, podendo inclusive usar a sardinha ou manjuba seca (dashijako) disponíveis no mercado. Mas, seja qual for a opção, o peixe tem que ser moído e bem torrado no forno. Também pode-se dispensar o uso de folhas desidratadas, que elas são realmente a minha invenção. O tradicional furikake leva folhas desidratadas de sissô.

E mais uma dica de economia: para aproveitar o calor do forno, costumo sempre assar outra coisa junto com o peixe. Às vezes é o próprio filé do peixe que rendeu o furikake, ou são batatas inteiras (embrulhadas uma a uma em papel alumínio) que depois vou rechear ou fazer purê. Só não dá para assar alimentos que não possam ser cobertos e ou não podem absorver o cheiro do peixe, como pães e doces. (A propósito, espero que sua casa tenha boa ventilação, pois o peixe costuma cheirar forte!)

Última dica: o papel alumínio é material reciclável! Se onde vc mora tem coleta de lixo seco (recicláveis), limpe bem o filme usado e descarte junto com latinhas de cerveja e outros objetos de metal. Ah! e lembre-se que recipientes de marmitex, caixinhas de Tetrapac e bandejas de comida pronta também são recicláveis. Lave-os todos bem, assim como as garrafas de refrigerantes e latas de conservas. Essa limpeza é muito necessária para evitar atrair os vetores (insetos e roedores) nos centros de triagem. Se não tem coleta da prefeitura, entregue os recicláveis nos muitos postos de coleta que há em todas as cidades. Vamos ajudar a natureza, e também a sociedade!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Futebol: as 3 vertentes de uma gestão

Ainda sobre o futebol...!

Estou lendo tudo que posso no site do 3VV e seu blog, e fico contente de ver que, a despeito da minha ignorância total sobre esse mundo, não estava muito longe da verdade: a renda da bilheteria nunca chega a 30% do total de rendas de um clube, pelo menos os da divsão de topo. Para equilibrar as finanças, os clubes têm que buscar 1. patrocinadores e parceiros; 2. marketing da sua marca e produtos; 3. venda de direitos federativos dos seus jogadores. E ainda contar com a cota da TV, que na 1ª Divisão é muito valiosa, coisa de milhões.

Eu sou extremamente "mão-de-vaca", e impenetrável pela propaganda. Então, não consigo avaliar o quanto a exposição de uma marca vale para aumentar a receita de uma empresa. O que tenho lido, no entanto, afirma que essa exposição é, sim, muito valiosa, principalmente em se tratando de TV. E isso eu entendo -de economia das despesas -, já que segundos de propaganda veiculada num bom canal de TV deve custar muito mais que a exposição da marca de uma empresa nas camisas dos jogadores durante 90 minutos do jogo e isso várias vezes ao mês. E o mesmo deve acontecer com as placas dispostas nos campos onde acontecem os jogos. Só não sei como se relaciona quantitativamente essa exposição com aumento nas vendas dos produtos das patrocinadoras. Por outro lado, empresa nenhuma gostaria de ter a sua marca associada a um time de desempenho sofrível; o time tem que ser vencedor, ou pelo menos brigar para ser, demonstrar ter potencial para vir um dia a ser campeão. O número de torcedores desse time também deve contar. (De que adianta ter a sua marca nas camisas, se ninguém assiste o jogo desse time?) Assim, para conquistar uma empresa para que ela venha a ser patrocinadora, tem-se que investir primeiro. Nos jogadores, no técnico, na comissão médica; e elaborar um plano de gestão a curto, médio e a longo prazos, plano esse que deve convencer qualquer empresário medianamente inteligente.

Da mesma forma como não entendo como uma propaganda possa seduzir um consumidor a adquirir produtos dessa propaganda, também não entendo como produtos que levam o nome e o escudo de um time possa vender. Mas, ao menos nos casos de times grandes, essa parece ser a realidade. Vejo, durante os campeonatos significativos, os transeuntes desfilarem com camisa do seu time, ostentar bandeiras nos carros, etc. Suponho que torcedores fanáticos devam ainda comprar outros objetos tais como canecas de cerveja, chaveiros, sachê desodorizador para carros, DVDs e CDs com jogos memoráveis e hinos, e outros badulaques... Mas, novamente, essa receita deve ser função do número de torcedores e, de qualquer modo, esses objetos não são coisa de muito valor por unidade, vai ter que vender muuuito para render algum dinheiro. Entretanto, se uma empresa fornecedora de tais produtos fosse a parceira, a convergência de interesses poderia surtir algum efeito para aumentar o interesse do público e consequentemente o número de torcedores. (Por exemplo, uma loja de CDs e DVDs poderia dar de brinde um CD com hino do clube para compras acima de xx reais; outra poderia dar um chaveiro, uma lavadora de carros e concessionárias poderiam enfeitar os carros vendidos ou lavados com sachês desodorizantes com emblema do clube e endereço do estabelecimento atrás, uma gráfica poderia fazer calendários com as fotos dos jogadores que fizeram história do clube, etc...) Todo esse tipo de campanha valoriza o nome do clube. Mas, outra vez, o clube tem que fazer a sua parte, investir num time competitivo. Senão, o interesse despertado cedo se esvairá se o time não apresentar um bom espetáculo.

E quanto à venda dos jogadores... Essa é, como disse, (e minhas leituras confirmam) um investimento de alto risco e retorno incerto. O clube pode contratar jogadores promissores que se machucam logo no início do campeonato, ou podem se desentender com o técnico e deixam de mostar um bom futebol... Apesar de as minhas leituras afirmarem que a venda dos jogadores é fundamental para equilíbrio orçamentário de todos os clubes de 1ª divisão, acho bom não contar muito com isso, pelo menos no início da reestruturação. A alternativa seria um patrocinador que assumisse tanto a contratação como o risco de ter prejuízo, mas esse tipo de patrocinador só será encontrado quando o clube tiver provado cabalmente que a sua gestão está no caminho correto.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Futebol: a contabilidade não fecha

Vou fazer uma conta, para ver se futebol é ou não viável. Tomo por base um time que se encontra na segunda divisão, almejando acesso para a primeira, e manter-se na divisão de topo com a mesma base de jogadores.

Pessoal (mínimo do mínimo...):
Quantidade de jogadores: 28
Comissão técnica: 1 treinador, 1 treinador de goleiros, 1 roupeiro, 2 (ou 3) serviços gerais
Comissão médica: 1 médico, 1 enfermeiro, 1 fisioterapeuta, 1 massagista, 1 nutricionista
1 gerente de futebol, 1 olheiro

Despesas por jogo como mandante:
Aluguel do estádio
Aluguel de uma ambulância
Bilheteiros e gandulas
Comissão para PM
Agrado para juízes
4 bolas novas, água e bebida repositora de sais minerais
Concentração num hotel local
Despesas por jogo como visitante:
Aluguel de um ônibus (ou passagens de avião)
Refeição e lanches
Pernoite

Outras despesas:
Aluguel de um alojamento para jogadores
Refeição diária
Lavanderia
Condução para translado da equipe para diversos campos de treinamento
Remédios e hospitais
Manutenção da sala de ginástica com aparelhos
4 conjuntos de uniformes oficiais + 4 conjuntos de uniformes para treinamento (camisa, calça, meias, e colete, sem chuteiras) e eventuais reposições
Diversas (taxas, multas eventuais, despesas com viagens dos dirigentes e gerente, etc...)

Digamos que um time com pretensões de subir e ficar na Série A1 do futebol paulista necessite de pelo menos 4 jogadores (um atacante, um meia, um zagueiro e um goleiro) não-top mas de 1ª grandeza, com salários em torno de 25.000 (=100.000), mais 6 jogadores "realmente" bons com salários em torno de 10.000 (=60.000), e resto (18) com salário em torno de 6.000 (=108.000) O que perfaz 268.000, só com jogadores.

Um técnico não-top da série A1 deve estar ganhando em torno de 30.000; treinador de goleiro uns 15.000; roupeiro e ajudantes não devem ganhar mais que 2.000 cada. A comissão técnica vai onerar em 51.000

Um médico especializado em atletas deve ganhar cerca de 15.000; enfermeiro, fisioterapeuta e nutricionista devem somar cerca de 15.000. A despesa com comissão médica é da ordem de 30.000.

O gerente de futebol deve ganhar 15.000 e um olheiro uns 5.000 mais despesas de viagem e comissão para indicação de bons jogadores contratados, o que soma 20.000 mais despesas (mas esse valor se somará à despesas diversas).

A folha de pagamento com pessoal é de 369.000. Calculando encargos trabalhistas em cerca de 80% (=300.000) a despesa total com pessoal é de aproximadamente 670.000.

Despesa por jogo:
Aluguel de ambulância=1.000; aluguel do estádio=2.000; comissão para bilheteiros, gandula, PM e juízes devem somar cerca de 2.000; as bolas e bebidas devem custar ao todo uns 600. O que dá cerca de 6.000 por jogo. A concentração é para os 18 jogadores escalados mais os dois técnicos. Então, são 20 pernoites no valor de digamos 100,00 (há que negociar...) o que dá mais 2.000 por jogo. Considerando-se 4 jogos no mês, 32.000 é despesa mensal como mandante.

Despesa como visitante:
Essa despesa varia conforme a distância... Vamos considerar a pior hipótese, e viajando de ônibus. Sabe-se que as empresas de ônibus cobram cerca de 10,00 por km rodado; considerando uma distância máxima de 700 km, o aluguel do ônibus será de 14.000 (ida e volta). Serão 18 jogadores, mais os técnicos, um ajudante, e médico e massagista. Serão hospedagem para 24 pessoas (incluindo o motorista) num hotel de 2ª, com diária de 120,00 por pessoa, o que dá cerca de 3.000 por viagem. Vou considerar para alimentação 4 refeições e dois lanches, valendo 20,00 por refeição e 10,00 por lanche, ou 100,00 por pessoa. Isso perfaz 2.400 em alimentação por viagem. O custo total da viagem assim é 19.400. Com 4 jogos fora, isso representa 77.600 por mês, mas como haverá viagens mais curtas, vamos estimar em 70.000

Total de despesas com jogos durante o campeonato é de cerca de 102.000 por mês.

Outras despesas:

As despesas que se tem rigorsamente todo mês são com a hospedagem, refeições, translado e lavanderia; despesas com viagens também pode se estimar um valor mensal. Os unformes são despesa anual com eventuais reposições, e manutenção da sala de ginástica é pequena se comparada com outras despesas.

Hospedagem: não há casa que comporte 28 jogadores, mesmo uma mansão. De duas uma, ou contrata um hotel da região ou aluga alguns apartamentos num pequeno prédio. Hotel tem custo elevado, mas tem a vantagem de não ter de investir nos móveis; os apartamentos com 2 quartos comportaria 4 jogadores e nos de 3 quartos cabem 6. Assim, 4 apartamentos de 3 quartos mais um de 2 comporta toda a equipe. Aluguel de um apartamento de 3 quartos deve custar 500,00 e o de 2 quartos 400,00. mais o condomínio, que deve ser cerca de 200,00 por unidade, o que soma 3.400 (sem contas de eletricidade e investimento com móveis, custo do café da manhã e lavanderia...). Já num hotel, considerando-se que é hospedagem por tempo "indeterminado", presumo que é possível negociar a diária para um valor razoável, digamos 40,00 por dia por jogador. O que dá 33.600 ao mês... Mais barato alugar apartamentos!

Refeições: são 2 refeições completas por dia para os 28 atletas; e supondo que jogadores ficarão nos apartamentos, tem mais o café da manhã também completo. Isto representa 1.680 refeições e 840 cafés-da-manhã por mês. Terceirizando-se uma cozinha industrial (ou um restaurante com capacidade ociosa para fornecimento de refeições com o cardápio elaborado pelo nutricionista do clube) o preço de uma refeição deve girar em torno de 10,00 e café da manhã, completo, também. A soma chega a 23.200 ao mês.

Lavanderia: mesmo que os jogadores tragam a sua roupa de cama e banho, a lavanderia, além de lavar diariamente os uniformes, não deve se furtar de lavar essas roupas dos atletas. As lavanderias industriais cobram por peça lavada, mas digamos que se possa realizar um contrato de terceirização e se pague um valor fixo ao mês. Chutando 100, 00 ao dia essa lavanderia se encarregaria de lavar e eventualmente cerzir os uniformes todos os dias, além de lavar as roupas de cama e banho dos jogadores. Esse contrato equivale a 3.000 ao mês. (O roupeiro ficaria ainda com a tarefa de lavar e cuidar das chuteiras dos jogadores...)

Condução para translado: considerando-se que um ônibus com motorista alugado para levar e trazer a equipe cobre o mesmo de um ônibus transmunicipal, ou seja, 10,00 por km rodado, e considerando-se que se roda em média 40km ao dia, esse aluguel deve custar ao clube 12.000 ao mês.

Despesas diversas: vou incluir aqui os gastos com pomada para contusões e eventuais remédios, despesas com manutenção dos aparelhos de ginástica, eventuais taxas e multas à Federação, comissão para olheiro, etc. Estou estimando todas essas despesas em cerca de 3.000 ao mês em média. (Claro que vai variar muito, de mês para mês.) As despesas com viagens do olheiro, gerente e dirigentes devem somar cerca de 300,00 por dia a cada viagem. Se, na média, houver um funcionário viajando a cada dia, serão 9.000 ao mês. O total de despesas diversas será então de 12.000.

Os uniformes são cálculo à parte. Sem considerar que haverá um patrocinador doando esses uniformes, o conjunto completo de um uniforme deve custar, no máximo, 200,00. Se cada jogador recebe 4 conjuntos oficiais (2 com a cor "de casa" e 2 com cor alternativa) e mais 4 conjuntos para treino, com colete, serão 8 conjuntos por jogador, o que dá 224 conjuntos que valem ao todo 44.800. (Não vou incluir chuteiras, que cada jogador deve trazer a sua.) Diluindo-se essa despesa que é anual em 12 meses, o equivalente mensal será de 3.733, ou arredondando, 4.000

A soma de todas essas despesas será:

Folha de pagamento, com encargos: 670.000,00
Despesas com jogos (apenas durante o campeonato - 8 meses ao ano): 102.000
Moradia: 3.400
Refeição: 23.200
Lavanderia: 3.000
Condução: 12.000
Diversos: 12.000
Uniformes: 4.000

Total: 829.600,00 durante as competições, ou 727.600,00 nos meses fora da competição.
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Mas, durante os meses em que há jogos, existe a compensação da bilheteria. O ingresso inteiro de um campeonato da série A2 custa 10,00 e meia-entrada custa 5,00. No ano em que se busca a ascenção, não há como esperar um público muito grande, embora nos jogos finais - com esperança de acesso - esse número deva aumentar. Digamos que tenhamos em média 3 mil torcedores (que otimismo...!) nos 4 jogos em casa e metade pagando inteiro. Essa bilheteria rende 22.500 por jogo e 90.000 num mês. Já na série A1, o valor do ingresso dobra e o número de espectadores também, principalmente quando se vai jogar contra times grandes da Capital. Vamos estimar que tenhamos em média 6 mil torcedores nos estádios (nos jogos contra os grandes, teríamos mais de 10 mil mas contra os pequenos...). Isso rende ao clube 90.000 por jogo e 360.000 por mês. Ufa, já paga 40% das despesas...! E também tem o recurso da Federação repassado aos clubes no início de cada ano. É o direito à transmissão que as TVs pagam à Federação. No caso dos campeonatos da série A2, sei que o meu clube recebe em torno de 20.000. Não sei quanto se ganha um clube da série A1. Mas, no caso de clubes endividados, esse recurso geralmente é levado pela justiça para abater parte da sua dívida. E não esqueçamos que a renda da bilheteria também é sujeita ao sequestro dos credores!

A despesa anual de um clube estruturado para permanecer na primeira divisão é de (830.000 x 8 + 730.000 x 4) 9.560.000; e a renda das bilheterias em termos anuais é de 72.000 enquanto estiver na série A2 e 2.880.000 na série A1. Ou seja, na série A2 esse time recupera apenas 10% das suas despesas e 30% na série A1.

Conclusão: só com a renda das bilheterias, a contabilidade, definitivamente, não fecha. Precisamos de outra fonte, que nos garanta um rendimento mínimo mensal de 750.000. Lembrando que esse time vai demorar muito tempo para cristalizar o seu nome na mente dos amantes de futebol e chame a atenção dos clubes grandes do país e do exterior a ponto de haver ofertas vantajosas para os jogadores do clube sob contratos de longa duração. E ter nas mãos jogadores que valham bom dinheiro é pura loteria... (E eu nem comecei a pensar nas despesas que uma Categoria de Base demanda...)

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A propósito, após escrever este post, resolvi dar uma zanzada na net em busca de algumas informações básicas sobre a contabilidade de um time. E, de cara, encontrei um blog excelente escrito por um executivo de Palmeiras. O blog é Terceira Via Verdão ou 3VV, e acredito que encontrei uma ótima fonte para estudar sobre finanças de um clube de futebol. Em particular, gostei dos artigos com marcadores "Fontes de Rendas" e "Gestão". E até onde li, o artigo O Caso Barça é extremamente informativo e educativo. Guardadas as devidas proporções (o Bracelona é um dos maiores times do mundo!) os fundamentos de um bom gerenciamento são os mesmos tanto para grandes como para pequenos. Acho que falta aos dirigentes dos clubes pequenos brasileiros humildade e disposição para aprender como bom aluno o be-a-bá de uma gestão.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Futebol: falência e teoria

Futebol... devia ser apenas uma opção de laser para o grande público, e fonte de alegrias para os voluntários dirigentes do clube. Mas a realidade não é bem assim, principalmente para os clubes pequenos do interior. A sua maioria está atolada em dívidas, poucas empresas se interessam em patrociná-las, poucos torcedores cuja bilheteria não paga os salários dos seus jogadores, o pouco de renda ainda é desviado para bolsos de dirigentes inescrupulosos, ou é gasto sem planejamento ou definição de prioridades...

Acompanho um desses clubes do interior paulista, e nos quase dez anos não me lembro de ter tido momentos de euforia justificada. Culpa de quem?... Sou uma completa e total ignorante dos meandros do mundo de esportes, mas a situação atual do meu clube chegou a tal ponto que me fez pensar a respeito dos motivos por que esse esporte tão apaixonante não consegue se firmar como uma industria séria e lucrativa para TODOS (e não apenas para os "grandes".)

Legislação:
Penso que, antes de tudo, a legislação atual que aí está desfavorece terrivelmente esses pequenos clubes que não conseguiram até hoje pensar em termos empresariais. Muitos clubes, para escapar à sua própria ignorância na gestão empresarial aplicada, tentam terceirizar o futebol para as empresas "especializadas" em gerenciar um time. Desconheço um clube do interior que tenha tido sucesso, com exceção do Guaratinguetá (mas, até quando?) O meu clube faz parte do universo que teve experiência desastrosa com uma dessas empresas. A que terceirizou o nosso futebol, ao invés de salvá-lo, afundou o clube para divisão inferior e se retirou da cidade em menos de um ano, sem uma justificativa, uma palavra. Na cidade vizinha, o nosso rival amarga a rescisão contratual com uma outra empresa que igualmente afundou o time, e nem saldou a sua parte financeira (e há muitos outros tristes exemplos como o do Matonense...) Quem sabe, uma empresa de estrutura mais sólida e ou com capital estrangeiro consiga lograr uma boa gestão, mas essas não se interessam pelos pequenos...

Há uma incongruência na vocação de um clube e seu time de futebol: o clube é, pela sua definição, uma entidade sem fins lucrativos, enquanto que o seu time é um verdadeiro sorvedouro de verbas e, ao mesmo tempo, um gerador de rendas sem tamanho (se bem sucedido, claro!) Como esperar que os dirigentes sem remuneração e sem dedicação exclusiva pensem em gerir um "negócio" do tamanho de futebol, de fazer disso um negócio viável e rentável? E essa é outra "falha" da lei: ela impede a esses clubes de remunerarem os seus dirigentes. Os clubes, na sua origem, são associações sem fins lucrativos, e portanto obedecem ao Código Civil que não permite a remuneração da sua diretoria.

Entretanto, é permitido contratar e remunerar funcionários. Assim, a grande falha também é do clube que não contrata um profissional competente para dirigir o seu futebol, que é uma atividade COM fins lucrativos. O motivo é a mentalidade dos dirigentes do interior que não consegue se modernizar com a rapidez que o capitalismo atual exige de todos... Somente o tradicional "amor à camisa" não dirige um clube de futebol, e incompetência ou ganância sem escrúpulos favorecem a corrupção, desvio de verbas, amadorismo, compadrismo e... fracasso.

Salários e outras despesas:
Outra "falha" - conjuntural - é a escalada sideral dos salários dos jogadores e técnicos. Sob ponto de vista do atleta que não tem vida útil muito longa, talvez fosse justificável ganhar 3 ou 4 vezes mais que os profissionais de outras atividades, da mesma faixa etária (e isso, para atletas apenas medianos para medíocres). Afinal, o atleta tem que ganhar em 10 anos o que outros ganham em 30, e ainda fazer um pé-de-meia para períodos em que ficam inativos e sem clubes. Mas esse valor salarial é proibitivo para a maioria dos clubes do interior; como pagar uma folha salarial de mais de 100 ou até 200 mil reais somente com a renda das bilheterias? E essa folha de pagamento é "só isso" porque esses clubes são da segunda categoria! A complementação viria da propaganda nos estádios e nos uniformes, mas mesmo esses valores não são significativos para cobrir toda a despesa mensal que vai muito além da folha de pagamento: são material esportivo, transporte, hospedagem e alimentação da equipe, aquisição e manutenção dos equipamentos empregados, remédios e internações... Enquanto que ainda há o agravante de que as empresas não se interessam em patrocinar um time fadado ao fracasso. Quem gostaria de ter o seu nome associado a um fracassado?

Federação, Calendário e Mídia:
Ainda outra falha: o calendário dos campeonatos não é favorável para manter as atividades regulares durante todo o ano. Um campeonato tem duração de 4,5 meses - para clubes que chegam às fases finais - e normalmente há apenas dois campeonatos (da categoria profssional) ao ano disponíveis para clubes pequenos. Para esses clubes que estão com dificuldades financeiras, não é possível manter a sua equipe nos períodos de entressafra quando não há jogos. Assim, os contratos com os atletas, e muitas vezes com a própria comissão técnica, cobrem apenas o período do campeonato. Se um clube é eliminado no meio da competição, os atletas são dispensados antes mesmo do término do seu contrato. Desse modo, o prejuízo é de todos: dos atletas que ficam desempregados e sem onde treinar, dos clubes que têm de recomeçar do zero a cada temporada, e dos torcedores que a cada campeonato têm de conhecer um time novo e desconhecido. E, de quebra, essa realidade trouxe uma total falta de identidade dos jogadores com o seu clube, deste com eles e também dos torcedores com seus jogadores. Os jogadores já não sabem mais o que é "ter amor à camisa", a sua "paixão" pela casa dura apenas o período da duração do contrato. Assim, eles jogam tão somente pelo dinheiro, e não sentem o menor pejo em trocar de emprego, mesmo durante o campeonato de tão curta duração.

Esses contratos "relâmpagos" ainda impedem um clube de obter algum lucro com a "venda" de jogadores de bom desempenho, pois basta ao jogador esperar o fim do seu contrato para assinar com novo clube, sem que o anterior possa reivindicar qualquer participação. A lei garante um repasse da parte do valor obtido nas vendas, mas apenas àquele clube que revelou o jogador, ou apenas quando essa venda é devidamente documentada, como é o caso de venda a um clube do exterior. O meu clube já teve alguns jogadores bons e excelentes. Mas porque não foi o clube onde o atleta iniciou a sua carreira, nunca viu um tostão por parte deles, enquanto eles subiam de notoriedade e no valor de "passe". Muitos ainda foram jogar no exterior depois de uma temporada aqui. Se alguém ganhou algo com isso, não foi o meu clube.

Quanto à Federação Estadual de Futebol, essa está nas mãos dos "cartolas", outro vício que teima em manter o status quo e não se interessa em promover o futebol na sua veradeira vocação democrática: o esporte dos multidões.

E a Mídia - esse verdadeiro 4º Poder que influi decisivamente na opinião pública e tem papel fundamental na condução do destino da nação - não se dá ao trabalho de olhar para a "ralé", buscam ao contrário focalizar cada vez mais os clubes "grandes" elitizando esse esporte que é mantido pela paixão. Como um pequeno clube do interior conseguiria conquistar os torcedores se a mídia não abre espaço para eles?

Por onde começar a mudança?
E qual seria a solução para tantos fatores desfavoráveis? Penso que ela começa com a ATITUDE dos dirigentes do clube. Essa atitude inclui: honestidade, empenho e coragem, e sobretudo TRANSPARÊNCIA e COMPETÊNCIA NA ESCOLHA dos seus auxiliares. A capacidade de planejar a médio e a longo prazos também é imprescindível, mas esse planejamento pode ser feito em conjunto com os profissionais da área que tiverem contratado. Desnecessário frisar que esse planejamento tem que obrigatoriamente incluir a estruturação e manutenção de uma Categoria de Base realmente muito boa e forte.

Claro que lutar contra as muitas dívidas é uma dificuldade imensa e por vezes até desanimadora. Mas, embora muito árduo, o trabalho não é impossível. Para recuperar a confiança da comunidade empresarial que normalmente recusa ajudar um clube de muitas histórias ignominiosas, os dirigentes têm que demonstrar a sua boa índole, capacidade e intenção com muita transparência. E com a divulgação dos planos verdadeiramente exequíveis de reerguimento do clube e acenando com recuperação do capital a prazos não irreais, não haveria empresário que, após cálculos com seus travesseiros, não aceda a ajudar um clube local, ainda mais se esse clube representar a cidade sendo seu cartão de visitas.

Essa é a minha muito pobre análise e minha opinião... Mas vou tentar destrinchar cada um desses tópicos nos próximos posts.

Links:

Abaixo listo alguns links que visito com freqüência e ou gosto bastante por trazerem informações sempre úteis, críticas e conscientes.

- Cidadania, Política e Consciência Crítica:
. Congresso em Foco: O dia-a-dia do nosso Congresso Nacional;
. Observatório da Imprensa: Olhar crítico sobre a mídia
. Transparência Brasil: Política e políticos sob lente de aumento;
. Deu no Jornal: Banco de dados da corrupção no Brasil;
. Opinião e Notícias: Um jornalismo alternativo, de orientação liberal;
. Montbläat: Um jornalismo independente na net;
. Alberto Dines: Opinião deste isuperável jornalista em blog;
. Escritos Infames: blog do Teócrito Abritta, ambientalista, fotógrafo e escritor;
. Náufrago da Utopia: blog do jornalista Celso Lungaretti, ex-guerrilheiro dos anos de ditadura e eterno combatente das injustiças sociais;
. Humberto Laudares: blog muito lúcido sobre política e economia;
. Direitos Fundamentais: blog do George Marmelstein Lima, focando principalmente a filosofia do direito;

E as leis que devem fazer parte do nosso dia-a-dia:
. Código de Defesa do Consumidor: Lei Federal 8.078;
. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei Federal 8.069
. Estatuto do Idoso: Lei Federal 10.741;
. Lei de Crimes Ambientais: Lei Federal 9.605 (atenção para o artigo 32 que estabelece pena de detenção e multa para maltrato de animais!).

- Meio Ambiente:
. SOS Mata Atlântica: ONG com ações concretas e eficientes para salvar a Mata Atlântica;
. Greenpeace Brasil: ONG bastante atuante na defesa do meio ambiente e animais em perigo de extinção (embora meio fanática e agressiva...);
. Planeta Sustentável: portal de Abril e seus patrocinadores, com artigos e dicas para exercício de cidadania ecologicamente sustável;
. Envolverde: muito bom portal sobre meio ambiente e consciência verde;
. Portal das Energias Renováveis: tudo sobre o mundo da energia;
. Sustentabilidade: ambientalismo focado como negócio.

- Animais de Estimação e Proteção Animal:
. Saúde Animal: bastante útil para começar a entender os nossos animais de estimação e cuidá-los bem (cães, gatos, ferrets, aquarismo, etc);
. ANDA: Agência de Notícias de Direitos Animais - e-jornal em defesa dos animais;
. PEA (Projeto Esperança Animal): OSCIP com site bem detalhado sobre proteção animal e campanhas em todo o território nacional, sediada na Grande São Paulo;
. Beco dos Gatos: tudo sobre gatos, esse fantástico mas injustiçado animal de estimação;
. Gatos do Rio: mais informações sobre gatos, e adoção responsável dos gatos do Rio de Janeiro.
. Adote Um Gatinho: ONG semelhante a Gatos do Rio, porém sediada em São Paulo, SP.

- Culinária:
. Livro de Receitas: um dos sites com maior quantidade de receitas que já vi, para todos os gostos;
. Guia Vegano: receitas, ecologia e proteção animal - tudo num lugar só!
. Receitas Vegan: boas receitas para quem não pretende consumir proteína animal;
. Receita Passo a Passo: blog do Beto, um chef tão caprichoso nos seus posts que é impossível vc errar seguindo as suas receitas, simples mas super saborosas;
. Cantinho Vegetariano: blog da Elaine, onde se encontram excelentes e maravilhosas alternativas culinárias para quem precisa ou deseja deixar de comer carne e derivados.

- Laser, Entretenimento, Conhecimentos Gerais:
. AMG: o mais completo banco de dados sobre música (praticamente todos os estilos internacionalmente conhecidos) - em inglês;
. IMDB: tudo sobre o mundo de cinema - em inglês;
. Observatório: blog de astronomia, com belas fotos do mapa celeste;
. National Geographic: dispensa apresentação; este é original - em inglês;
. SuperInteressante: versão online da revista do mesmo nome;
. É Triste Viver de Humor: blog do Marcelo de Andrade, com charges de humor;
. Terceira Via Verdão: site mantido por torcedores do Palmeiras; eu não sou palmeirense, mas há excelentes artigos sobre o mundo do futebol;
. Futebol & Negócio: blog de vários colaboradores, focando o futebol como indústria do entretenimento.